Economia

S&P diz que pode esperar eleição para decidir sobre rating do Brasil

Segundo analista da agência de classificação de risco, no entanto, ação pode vir antes se panorama piorar

RIO - A agência de classificação de risco Standard & Poor's afirmou nesta quarta-feira que pode esperar a eleição presidencial no Brasil, em outubro do ano que vem, para decidir se corta o rating de crédito do país.

Minimizando temores de que o Brasil poderia perder sua classificação "BBB" no início de 2014, a analista da S&P Lisa Schineller disse que a agência pode querer aguardar a eleição para deliberar sobre a perspectiva negativa de crédito atribuído ao Brasil em junho.

- Se as coisas não parecerem bem, mas se mantendo, pode ser que queiramos aguardar para ver os sinais que virão do novo governo - disse ela em entrevista por telefone. - É claro que poderíamos agir (antes) se as coisas ficarem realmente piores.

O Brasil é avaliado no segundo menor nível de grau de investimento pelas três maiores agências de classificação de crédito, incluindo a Fitch Ratings e a Moody's Investors Service, mas apenas a S&P atribuiu uma perspectiva negativa ao país.

Há temores crescentes de um possível rebaixamento soberano do país desde que o governo apresentou um déficit primário inesperado de R$ 9,05 bilhões em setembro, o maior em quase cinco anos.

Preocupados com a deterioração do desempenho fiscal brasileiro, os investidores têm punido o real muito mais do que outras moedas de países emergentes, já que especulam que uma redução do crédito poderia ocorrer mais cedo ou mais tarde.

Schineller disse que, embora os últimos números fiscais “não sejam positivos”, a S&P geralmente leva de 18 a 24 meses para tomar uma decisão sobre os ratings após a revisão das perspectivas.

- Não é uma decisão iminente, se virmos que está se aproximando, colocaríamos o rating em observação - disse ela.

A S&P saudou as últimas promessas do governo de evitar manobras contábeis para cumprir suas metas fiscais, mas afirmou que isso não é suficiente.

- Essas palavras são importantes, mas nós também queremos ver a execução - disse Schineller.