Economia

Presidente Dilma acusa países ricos de usar política monetária como nova forma de protecionismo

Ano passado, ela já havia atacado as nações desenvolvidas quando injetaram centenas de bilhões de dólares no mercado financeiro - o que, à época, chamou de "tsunami monetária"

SÃO PETERSBURGO - A presidente Dilma Rousseff acusou os países ricos de usar a política monetária para se proteger da crise, ou sair dela, como uma nova forma de protecionismo. Ao deixar a reunião do G-20 (grupo que reúne as 20 economias mais importantes do mundo), afirmou que o Brasil repudia todas as formas de protecionismo, as já conhecidas e as não tradicionais, entre elas a manipulação das políticas monetárias. No ano passado, ela já havia atacado as nações desenvolvidas, que ao injetarem centenas de bilhões de dólares no mercado financeiro - o que, à época, chamou de "tsunami monetária" - para reativarem suas economias, acabaram por valorizar as moedas dos emergentes e prejudicar seu desempenho.

— O Brasil repudia todas as formas de protecionismo. As novas também, aquelas que não são as tradicionais. Repudiamos as tradicionais e as não tradicionais, derivadas, por exemplo, de políticas monetárias não convencionais expansionistas, que produziram, num primeiro momento, uma valorização das moedas frente ao dólar, e agora, na saída, o efeito oposto — afirmou.

A presidente afirmou que os países não querem nem um extremo nem outro. Destacou a estabilidade e a tranquilidade em relação aos efeitos que essas mudanças de rumo das nações desenvolvidas podem provocar sobre as políticas domésticas das outras economias.

— Não pode nem comunicar mal, nem fazer transição abrupta — destacou.

Dilma defendeu ainda uma participação firme do G-20 na Conferência de Bali, que deve dar os marcos e os parâmetros para um retomada de uma tentativa de completar o ciclo do acordo de Doha.

— Pode não ser um acordo de Doha, mas pode ser um acordo de Bali.

A presidente ressaltou que existe uma concordância geral dentro do G-20 que a redução do comércio internacional prejudica todos os países. Salientou ainda que não é só o protecionismo que se encarrega de diminuir o fluxo de comércio, mas a queda da demanda dos países desenvolvidos.

— Os emergentes fizeram estudo conjunto que mostra que eles perderam muita posição por redução comércio não só por protecionismo, mas por quebra da demanda dos países desenvolvidos, e também por políticas protecionistas indiretas, como a política desvalorização para mudar o superávit (comercial). Quanto menos distorções na área, melhor para todos os países do G20.

Durante a reunião do G-20, segundo a presidente, ficou claro que havia sinais e indícios de recuperação econômica de alguns países desenvolvidos, mas que eles ainda são frágeis.

— Eles ainda precisam de incentivos. Não se pode só exigir estabilidade, tem de ter cuidado com medidas que só impõem estabilidade, porque, nesse momento de fragilidade, pode criar um quadro de reversão da recuperação — disse, ao explicar um dos temas que foi a tônica do comunicado final do G-20.

Presidente convida chineses para licitações

No encontro com o presidente da China, Xi Jiping, na manhã de quinta-feira, Dilma defendeu uma parceira estratégica com país, que estaria ancorada em alguns pontos básicos. Entre eles, está a diversificação da pauta de exportações brasileiras para os chineses.

— O Brasil quer espaço para valor agregado. Reconhecemos a importância e a presença das nossa commodities, mas ao mesmo tempo queremos diversificar a pauta.

Dilma também quer parcerias de empresas brasileiras com chinesas, sobretudo na área de energia e logística assim como parcerias para logística e energia. Ela fez convite para que os estrangeiros participassem dos processos licitatórios do segundo semestre (porto, aeroporto, rodovia e porto de Libra).