BRASÍLIA - Em outubro, o país registrou a maior saída de dólares deste ano em um único mês. De acordo com o Banco Central, deixaram o país US$ 6,2 bilhões, já descontado tudo o que entrou no mês passado. Esse é o pior resultado do chamado fluxo cambial desde dezembro de 2012.
Segundo a autoridade monetária, a maior retirada de recursos foi sentida no mercado financeiro. Nos 31 dias de outubro, os investidores sacaram US$ 5,1 bilhões de aplicações brasileiras, já descontado o que foi aplicado. Foi o pior desempenho do fluxo cambial financeiro desde maio do ano passado.
Já o fluxo de câmbio de transações comerciais (pagamentos de importações e exportações) teve um déficit bem mais modesto. Ficou negativo em outubro em US$ 1,1 bilhão.
Para o especialista em câmbio e sócio da corretora NGO, Sidnei Nehme, o que aconteceu no mês passado não foi apenas uma antecipação de saída dos investidores. Ele acrescenta que dinheiro novo que poderia procurar no Brasil uma boa rentabilidade não chega mais com tanta facilidade.
O motivo é a debilidade das contas públicas. Somente no mês passado, o Brasil registrou um déficit primário de R$ 9 bilhões, ou seja, as despesas ultrapassaram as receitas nesse valor. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admitiu que o governo não será capaz de realizar a economia de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagar juros da dívida neste ano.
- E essa saída de dólares que estamos vendo deve acelerar-se daqui para frente - prevê o economista.
Desde o início do ano, o Brasil US$ 5,4 bilhões. O resultado de outubro foi compensado em parte pelo bom desempenho do fluxo cambial em outros períodos. O mês de maio é um exemplo, pois só nele o país recebeu US$ 10,8 bilhões já descontadas todas as saídas.