Economia Defesa do Consumidor

Black Friday decepciona em descontos e acesso a sites

Procon-SP vai investigar 17 empresas que ontem foram alvo de 87 denúncias de consumidores

Movimento da promoção no Centro do Rio
Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo
Movimento da promoção no Centro do Rio Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo

RIO - Dificuldade para acessar sites e descontos bem abaixo dos anunciados — em média de 20% — irritaram quem foi às compras ontem com a intenção de aproveitar a Black Friday brasileira, que reuniu pouco mais de 120 sites, além de lojas físicas. A quarta edição da liquidação conjunta, inspirada na tradicional promoção americana, decepcionou como em 2012, quando foi apelidada de “Black Fraude”. As redes sociais foram, novamente, o meio mais utilizado para reclamar. E órgãos de defesa do consumidor notificaram e abriram investigação sobre empresas reclamadas.

As vendas do e-commerce nacional nas primeiras 12 horas da Black Friday movimentaram R$ 174 milhões. A previsão do Busca Descontos, organizador do evento, é que o total no dia atinja R$ 340 milhões, 50% a mais do que em 2012, segundo a consultoria ClearSale.

Divergências de preço

Segundo o Busca Descontos, nas 109 lojas virtuais que participaram das promoções do site BlackFriday.com.br, a média de desconto foi de 20%. Levantamento feito pelo Procon Carioca, com 60 produtos em 15 sites, por sua vez, identificou que apenas cinco itens ofereciam descontos superiores a 15%. O Procon-SP vai investigar 17 empresas que ontem foram alvo de 87 denúncias de consumidores.

E para verificar a legitimidade das lojas virtuais antes de se fechar um negócio na Black Friday, o serviço da Serasa Experian de verificação gratuita a CNPJ recebeu uma consulta a cada 20 segundos.

Denúncias de consumidores levaram o Procon-RJ a identificar divergência de preço em duas ofertas da Casa&Vídeo, no Centro do Rio: um smartphone, que no encarte da loja para a Black Friday era anunciado por R$ 249 e estava sendo vendido a R$ 299. Já um pendrive de 8 GB, anunciado na liquidação de ontem de R$ 29 por R$ 21, num impresso comum da loja do mês de novembro aparecia a R$ 24,99. A loja foi autuada e será multada. A Casa&Vídeo esclareceu que recebeu do Procon estadual um auto indicando supostas irregularidades nos preços promocionais, mas garantiu que não procedem.

Em um shopping da Zona Oeste, o Procon-RJ foi chamado por clientes da Ricardo Eletro que compraram 30 tablets, mas não conseguiam receber os produtos. A loja alegava que não havia mais a mercadoria em estoque. Só não foi autuada porque acabou atendendo os consumidores. A empresa informou que todos os clientes foram atendidos.

Nos sites, houve instabilidade nos sistemas, provocando filas virtuais. No Submarino e na Americanas.com, segundo consumidores, a espera era superior a dez minutos. Ambas também apresentavam erro no fechamento da compra, com o carrinho aparecendo vazio. Por isso, as duas empresas decidiram ampliar o prazo da promoção até o meio-dia de hoje.

O Procon estadual também verificou problemas no Extra.com. Produtos anunciados com desconto no site voltavam ao valor integral na conclusão da compra. O mesmo ocorria ao comprar uma determinada marca de tênis no site da Centauro. As duas lojas serão autuadas na segunda-feira. No site do Magazine Luiza, o Procon Carioca observou que uma tarja com a palavra “encerrado” apareceu 15 minutos após o início da liquidação, no primeiro minuto de ontem.

O Extra.com e a Centauro.com reconheceram que houve instabilidade, mas disseram que os problemas foram sanados. Nenhuma das duas redes respondeu sobre o questionamento de preço. A Centauro informou que estenderá os descontos até a segunda-feira.

Segundo o Magazine Luiza, o banner informando o encerramento da promoção foi uma falha do sistema e ficou apenas por alguns segundos no ar.

Segundo a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), problemas constatados na Black Friday e situações dentro da previsão de aplicação do código de ética da entidade serão avaliados e, se necessário, aplicadas sanções às empresas que tenham descumprido as regras. O código de ética lançado este ano pela camara-e.net teve a adesão de 124 empresas e tem regras claras de advertência, suspensão e exclusão por condutas antiéticas.