Em dia de sobe e desce, o dólar fechou com queda nesta quarta-feira (6), num momento de preocupações com a situação fiscal do país e com a política monetária dos Estados Unidos que impõem um viés altista para a divisa.
Especulações de que o Banco Central pode fazer intervenções adicionais no mercado de câmbio chegaram a levar o dólar a cair para a mínima do dia, a R$ 2,2696, em um movimento de ajuste após o forte avanço da sessão anterior.
O dólar fechou em queda de 0,25% para R$ 2,2835 na venda. Veja cotação
Na semana, há alta acumulada de 1,16% e no mês de novembro, de 2,20%. No ano, a moeda já subiu 11,68%.
"O mercado está volátil. Tem muito movimento no mercado futuro e qualquer operação afeta a cotação", disse à Reuters o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme. "Mas o viés ainda é para cima, porque nossa política fiscal está muito debilitada e tem o Fed lá para frente".
Investidores permaneciam receosos com a piora no cenário fiscal brasileiro, após o desempenho do setor público em setembro praticamente enterrar as chances de o governo cumprir a meta de superávit primário do ano.
Em uma tentativa de acalmar os ânimos do mercado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta manhã que o país passa por uma fase transitória de maus resultados nas contas públicas, mas que haverá recuperação nos próximos meses.
"O mercado está pressionado, de olho nos índices dos Estados Unidos e no déficit fiscal do Brasil", afirmou à Reuters o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Galhardo.
À medida que o dólar aproximava-se de R$ 2,30, aumentavam as expectativas de intervenções adicionais do BC, possivelmente por meio de uma rolagem antecipada dos contratos de swap cambial que vencem no início de dezembro.
Para Galhardo, o patamar de R$ 2,30 pode representar uma ameaça para a inflação no cenário interno e, por isso, a possibilidade de uma atuação extra no mercado de câmbio não pode ser descartada.
Durante a manhã, a autoridade monetária realizou mais um leilão de swap cambial tradicional previsto em seu programa de intervenções diárias, com a venda de 2 mil contratos com vencimento em 1º de abril de 2014 e 8 mil contratos com vencimento em 2 de junho de 2014. Os volumes financeiros equivalentes das operações foram de US$ 99,5 e US$ 396,7 milhões, respectivamente.
O mercado também aguarda a divulgação, na sexta-feira, do relatório de emprego dos Estados Unidos, um dos principais indicadores para se avaliar o comportamento da maior economia do mundo.
Dados positivos podem corroborar as expectativas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, começará a reduzir seu programa de estímulos, no valor de US$ 85 bilhões mensais, já no final deste ano.