Juliana e Maria Elisa encarnaram bem o espírito guerreiro de Stavanger, na Noruega, para vencerem a última etapa do Circuito Mundial de vôlei de praia e ganharem força na corrida pela vaga nas Olimpíadas de 2016. Porém, sem perder o bom humor tipicamente brasileiro. Sede do segundo Major da temporada, a cidade nórdica foi palco de guerras épicas na Idade Média. Papel histórico eternizado no monumento "Sverd i fjell" (Espada na rocha, em português), onde três espadas gigantes estão fincadas no chão simbolizando a Batalha de Hafrsfjord, fundamental na unificação do país. Foi o local escolhido pela dupla para comemorar o título e também se divertir com o curioso troféu do torneio: duas espadas medievais.
Vencedoras do circuito mundial em 2014, Juliana e Maria Elisa não começaram muito bem a atual temporada, que vale como seletiva brasileira para os Jogos Olímpicos do Rio. Nas duas primeiras etapas com possibilidade de pontuação - Grand Slam Moscou (Rússia) e Major de Porec (Croácia) -, não foram além das oitavas de final. Para piorar, viram as rivais Ágatha/Bárbara Seixas e Larissa/Talita fazerem boas campanhas e abrirem vantagem. No entanto, em Stavanger a história foi diferente. Com muita raça e também descontração, a dupla superou momentos difíceis na competição, entrou voando na final e conquistou o título justamente em cima das concorrentes Ágatha e Bárbara.
- Nossa semifinal foi um jogo muito difícil (2 sets a 1 sobre as holandesas Meppelink e Van Iersel). Elas tiveram três match points e nós conseguimos manter a calma e virar. Então, viemos muito motivadas para a final, porque quando parecia perdido, a gente conseguiu ter uma energia boa e jogar aquele voleibol que vínhamos buscando. Colocamos tudo que podíamos dentro de quadra - afirmou Maria Elisa.
- A semifinal foi um dos jogos mais difíceis, mas o primeiro, contra as suíças, também foi complicado. Teve outro contra as alemãs. Tenho certeza que tudo isso fez com que a gente colocasse o espírito que estamos buscando. O treino, a psicologia, o espírito de guerreira. Mesmo na final, atrás do placar, não tive dúvidas que a gente ia ganhar - completou Juliana.
Mas não foi apenas a garra típica dos guerreiros nórdicos noruegueses que fez a diferença para a dupla no título. O bom humor brasileiro também foi fundamental para a dupla. Segundo as atletas, o sorriso e a descontração em alguns momentos tensos dentro das partidas é algo que ajuda a manter o bom ritmo. Foi o que aconteceu, por exemplo, durante a final, quando Juliana teve uma crise de riso por conta do cabelo bagunçado da companheira.
- Eu estava em uma energia, uma loucura que me faz muito bem. Então, fiz uma comemoração com a Maria e fui tão estúpida com ela que o cabelo dela ficou horroroso. A gente mudou de lado e quando eu olhei, o cabelo dela estava a treva. Eu não aguentei. No meio daquele jogo, eu louca, comecei a rir. Foi muito engraçado. Foi bom porque deu uma descontraída. No meio da loucura, tem felicidade. Acho que o mais importante é fazer o que você ama e ser feliz. Para mim, a maior vitória aqui também é poder estar realizando isso: voltar a ser feliz de novo - contou Juliana.
- Esse senso de humor da Juliana é super importante. Porque às vezes tira um pouco aquela pressão do jogo. A maneira como ela interage com a torcida, chamando todo mundo. Esse senso de humor dela me chama e me tira também um pouco. Faz com que a gente tenha mais prazer ainda em estar dentro da quadra, que é o que a gente mais gosta de fazer. A gente encara isso como um trabalho sério, mas dentro de quadra, se a gente puder ficar um pouco mais descontraída, as coisas fluem melhor - disse Maria Elisa.
É nesse ritmo, lutando e sorrindo, que a dupla parte para a próxima etapa do circuito - o Grand Slam de St. Petersburg, nos Estados Unidos, que começa na quarta-feira. Com os 800 pontos somados pelo título na Noruega, Juliana/Maria Elisa chegaram a 1400 e
subiram de quarto para terceiro lugar na corrida olímpica. Apesar do revés, Ágatha/Bárbara Seixas está em primeiro, com 2040 pontos, seguida de Larissa/Talita,
que tem 1600.
- Deu um ânimo novo, porque voltamos a jogar bem, com confiança. Era isso que a gente buscava. Quando faz o trabalho certo e acredita no que faz, nada atrapalha... A gente encontrou um caminho e tem o direito de comemorar. Mas amanhã, já é pensar no próximo campeonato. A gente está consciente disso e para conseguir repetir o que fizemos aqui, precisamos continuar com a mesma luta lá nos Estados Unidos - concluiu Juliana.
A corrida olímpica brasileira será definida da seguinte forma: uma dupla
masculina e uma dupla feminina conquistam a classificação para as
Olimpíadas de 2016 pela pontuação obtida nos nove principais eventos do
Circuito Mundial 2015 (cinco Grand Slams, três Major Series e o Open do
Rio de Janeiro). Os times poderão descartar os dois piores resultados ao
longo da temporada.