Economia

Com deságio de 52%, Triunfo vence leilão de privatização das BRs 060, 153 e 262

Cinco grupos disputaram os 1.176 quilômetros das três rodovias, que foram ofertadas num lote único. Via passa por 47 cidades nos estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal
Foto: Editoria de Arte
Foto: Editoria de Arte

SÃO PAULO - Com um deságio de 52% em relação ao teto de pedágio estabelecido pelo governo, a Triunfo venceu o leilão de privatização das BR-060, 153 e 262 realizado na manhã desta quarta-feira na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O teto estabelecido pelo governo era de R$ 0,0594 por quilômetro (R$ 5,94 a cada 100 km) e a Triunfo ofereceu R$ 0,02851 por quilômetro (R$ 2,851 a cada 100 km). Venceu a empresa que apresentou o maior deságio em relação ao teto. O leilão durou pouco mais de 7 minutos.

O presidente da Triunfo, Carlo Bottarelli, afirmou que a empresa participará de outros leilões e frisou que as alterações feitas pelo governo nos editais deixaram as concessões mais atrativas.

- O ministro e sua equipe nos ouviram. O nosso lance foi completamente consciente. Nós acreditamos no país - afirmou.

A Triunfo foi uma das primeiras empresas a assumir a concessão de uma rodovia no país, em 1995. A companhia administra três concessionárias: a Econorte, no Paraná, a Concepa, no Rio Grande do Sul, e a Concer, no Rio de Janeiro e Minas Gerais. No total, a empresa tem a concessão de 642 quilômetros de rodovias. A empresa também participa do consórcio que venceu o leilão de privatização do aeroporto de Viracopos, em Campinas, São Paulo, no ano passado, oferecendo um lance de R$ 3,8 bilhões.

Nos dois primeiros leilões de rodovias federais realizados este ano, aTriunfo foi ‘vice’ em ambos, oferecendo o segundo menor deságio.

As ações ordinárias da Triunfo, que abriram a sessão estáveis, passaram a cair após o leilão. Às 14h, os papéis estavam sendo negociados a R$ 9,73, uma desvalorização de 2,70%.

O ministro dos Transportes, Cesar Borges, comemorou o resultado.

- É extremamente positivo o resultado do leilão. O lance vem em benefício da modicidade tarifária - disse o ministro, ao final do leilão.

Sobre as próximas duas concessões rodoviárias já marcadas (a da BR-163 e a BR-040), o ministro se disse otimista, embora não faça prognósticos de deságio ou numero de participantes.

- Elas têm a mesma atratividade, que é de crescimento futuro. Têm muito tráfego - disse, completando que neste momento "está no período de convencimento" da iniciativa privada a participar dos leilões.

A rodovia 153, que liga Anápolis à Palmas (em Goiás), deve ser a primeira a ser leiloada no ano que vem, adiantou o ministro. Outras também fevem ser concedidas ainda no primeiro semestre, mas ele nao detalhou quais.

- O país hoje necessita rodovias duplicadas e nós só faremos isso em parceria com a iniciativa privada - disse.

O leilão de hoje foi o terceiro do Programa de Investimento em Logística, lançado pelo governo federal no ano passado. As três rodovias foram ofertadas num lote único, num trajeto de 1.176,5 quilômetros que passa por 47 cidades nos estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Menor deságio oferecido foi de 21,41%

Em segundo lugar, com lance de R$ 0,03437 por quilômetro ficou a Investimentos e Participações (Invepar). O deságio oferecido foi de 42,13%. O Consórcio Via Capital deu um lance de R$ 0,03493 por quilômetro (deságio de 41,19%). Já o lance do Consórcio Rodovias Federais (Queiroz Galvão Desenvolvimento de Negócios e Construtora Queiroz Galvão) foi de R$ 0,03683 por quilômetro, deságio de 37,99%. Por último, ficou a a Companhia de Participações em Concessões (CCR) com lance de R$ 0,04668 por quilômetro, o equivalente a um deságio de 21,41%.

Três empresas participaram sozinhas - a vencedora Triunfo Participações e Investimentos; a CCR e a Invepar (que tem como acionistas a OAS e os fundos de pensão estatais Previ, Petros, Funcef). Outras se reuniram em dois consórcios: o "Rodovias Federais 2013", formada por Queiroz Galvão Desenvolvimento de Negócios e Construtora Queiroz Galvão; e o "Via Capital", que reúne Ecorodovias, Coimex, Rio Novo Locações, Tervap Pitanga Mineração e Pavimentação, Contek Engenharia, A. Madeira Indústria e Comércio e Urbesa Administração e Participações. No total, foram cinco grupos (entre empresas e consórcios) participaram.

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), os trechos privatizados são compostos por: na BR-262, quase 550 quilômetros, em um trecho que vai do entroncamento com a BR-153 ao entroncamento com a BR-381, em Betim; na BR-153, serão 245 quilômetros, trecho que vai de Itumbiara, na divisa com Goiás, até Fronteira, na divisa com São Paulo, passando pelo Triângulo Mineiro; e a rodovia BR-040, que vai de Brasília a Juiz de Fora, em Minas.

A concessão é por 30 anos e prevê onze praças de pedágios. No ato da assinatura do contrato, os vencedores do leilão terão que desembolsar cerca de R$ 260 milhões para as primeiras obras de melhorias, valor que deverá chegar a R$ 370 milhões no primeiro ano de concessão.

A cobrança de pedágio só será iniciada depois da execução das obras iniciais e de 10% da duplicação, que deve atingir 650 quilômetros.