Edição do dia 25/05/2015

25/05/2015 11h25 - Atualizado em 25/05/2015 15h43

Maioria dos profissionais não sabe lidar com aspectos comportamentais

Estudo diz que eles têm conhecimento, mas não sabem lidar com diferenças.
Pesquisa identificou os perfis de profissionais mais comuns entre os brasileiros.

A Sala de Emprego desta segunda-feira (25) fala sobre como é difícil lidar com os diferentes colegas no ambiente de trabalho. Poderia ser bem mais fácil se os profissionais aprendessem ainda na faculdade a desenvolver a inteligência emocional. Os especialistas dizem que a base teórica está certa, mas quando se fala de comportamento tem muita coisa para mudar nas empresas. 
   
A Serasa Experian, por exemplo, criou um programa de integração para quem está começando. O profissional leva um tempo para aprender o que é prioridade dentro da empresa, como tratar o vizinho de mesa e até o chefe. Nada difícil para quem já está no mercado. Complicado mesmo é para quem acabou de sair da faculdade. 

“Uma certa preocupação com quem ele tem que falar, como se reportar às pessoas, então é de fato uma preocupação grande poder integrá-los a um ambiente que é muito mais informal, que as relações precisam ser mais rápidas, fluidas e, às vezes, há um certo choque. É interessante porque isso parece uma contradição. A empresa pedindo mais informalidade do que o próprio jovem oferece”, explica Guilherme Cavalieri, diretor de desenvolvimento da Serasa Experian

A Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) e a Deloitte decidiram investigar o ambiente das empresas e perguntou a 172 líderes como anda a integração dos funcionários. O resultado mostra que 65% disseram que todo profissional precisa ter uma visão geral das áreas da empresa para que o trabalho em equipe dê certo, mas isso não tem acontecido nas grandes corporações. A pesquisa também apontou que para 37% dos entrevistados a faculdade passa apenas o conhecimento técnico, deixando de lado os aspectos comportamentais.

“Esse é um processo contínuo que nasce desde o berço, mas nós entendemos que a universidade pode também trabalhar na melhoria das qualidades de relacionamento do ser humano”, afirma Roberto Fragoso, vice-presidente da Anefac.

“Pessoas que não conseguem desenvolver a sua inteligência emocional dificilmente conseguem ter sucesso na sua carreira profissional. Nós vamos ter que, a nossa vida inteira, adquirir novos conhecimentos e desenvolver essas habilidades, porque isso faz parte da realidade dos negócios”, analisa Marcos Nraga, diretor da Deloitte.

Perfis diferentes
Um teste feito com 30 mil pessoas identificou os quatro perfis de profissionais mais comuns entre os brasileiros. Quase metade deles faz parte do grupo dos conectados. O objetivo da metodologia é focar nos pontos positivos e conseguir ser melhor.

Fenando Seacero é psicólogo, trabalhou oito anos com recursos humanos e agora dá consultoria corporativa. Ele fez a pesquisa com os profissionais usando cartas. Cada uma delas contém uma frase, como por exemplo, “gosto de criar e manter relacionamentos harmoniosos” ou “gosto de trabalhar em grupo”.

A pessoa faz a escolha das cartas e Fernando monta o perfil: “Não é uma metodologia para avaliar ou qualificar. É uma metodologia para você conseguir ser melhor naquilo que faz”.

Com essa avaliação ele conseguiu chegar a quatro grupos diferentes de profissionais na hora de trabalhar em equipe:

Conectados: O poder deles está em conseguir levar harmonia às equipes, mas erram em achar que são culpados quando há problemas no paraíso.

Realizadores: Eles têm o poder de fazer os projetos andar e simplificam o caminho. O erro deles é passar por cima do que estiver na frente.

Detalhistas: Planejam tudo diretinho, mas falham quando se deixam perder no exagero dos detalhes.

Observadores: Eles têm um verdadeiro banco de dados na memória, costumam captar e guardar fácil as informações, mas se esquecem deles mesmos e do projeto quando se preocupam demais com os outros.

“O ideal é você ter a representação desses quatro perfis dentro de uma organização, para que ela seja realmente potente e atinja seus objetivos, porque cada um é mestre em uma coisa, cada um é muito bom, ou em planejamento ou em harmonização de equipe, ou em comunicação ou em fazer as coisas acontecerem. Então quando você tem todas essas competências juntas, você consegue qualquer resultado”, explica Fernando.


 

No vídeo ao lado, Fernando Seacero dá mais detalhes sobre a pesquisa e os perfis dos profissionais brasileiros.

 

 


O consultor de carreira Alberto Roitman participou de um bate-papo sobre o tema e respondeu dúvidas dos telespectadores. Entre os temas abordados, está a forma de lidar com o chefe. Segundo o especialista, quando um chefe dá bronca em um funcionário na frente da equipe, ele contamina todos os funcionários. Chefes e funcionários precisam ter inteligência emocional.

Alberto diz que a fofoca é um dos elementos mais prejudiciais em uma empresa e ressalta a importância dos funcionários repudiarem a fofoca e, assim, normalizar o ambiente de trabalho. Para ver esse e os outros assuntos abordados no chat, veja o vídeo acima.