Economia

OMC está perto de aprovar reforma do comércio global

Diretor-geral da organização, Roberto Azevedo, vai apresentar texto aos países-membros em Bali

GENEBRA, Suíça, e NUSA DUA, Indonesia - A primeira reforma do comércio global desde a criação da Organização Mundial do Comércio na sexta-feira estava pronta para ser aprovado pelos ministros dos 159 países-membros, disseram fontes envolvidas nas negociações.

O diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo, preparou um texto que apresentará a todos os integrantes, sinal de que acredita ter chegado a conclusões aceitáveis para todos, inclusive a Índia, que havia expressado fortes objeções sobre questões de agricultura.

O país insiste que não irá comprometer a sua política de subsídios de alimentos para centenas de milhões de pessoas pobres, em oposição aos Estados Unidos e outros países desenvolvidos.

O ministro do Comércio Exterior da Índia, Anand Sharma, disse nesta sexta-feira que aprovava o rascunho da OMC, removendo o maior obstáculo para o acordo.

- É uma vitória para a OMC e para a comunidade global que tenhamos chegado a uma decisão madura. Estamos mais do que felizes. É um grande dia. Um dia histórico - afirmou Sharma.

A menos que ocorra um veto no último momento, o acordo deverá reduzir as barreiras nas alfândegas de todo o mundo, oferecer melhores condições comerciais aos países mais pobres e permitir que os países em desenvolvimento evitem as regras normais de subsídios agrícolas se buscarem alimentar os pobres. Também fortaleceria a confiança na capacidade da OMC para negociar acordos comerciais globais, após uma série de falhas que deixou a organização em risco de se tornar irrelevante.

- Estamos muito perto - diz Keith Rockwell, porta-voz da OMC, a jornalistas, durante a reunião na ilha turística de Bali, na Indonésia. - Na situação atual, as perspectivas são muito promissoras.

Otimismo

Apenas um dia antes, um acordo que acrescentaria centenas de bilhões de dólares à economia mundial, segundo algumas estimativas, ficou à beira do colapso. Azevedo, um ex-negociador comercial brasileiro, disse aos delegados no início do último dia de diálogo que havia mais trabalho a fazer, mas soou otimista sobre a possibilidade de uma conquista.

- Dissemos aos membros que estavam agora muito perto de algo que nos escapa há muitos anos e que as decisões nas próximas horas teriam um grande significado adiante - disse o porta-voz.

Passaram-se 12 anos desde que a OMC lançou a Rodada de Doha, que não conseguiu resultados concretos. Muitos especialistas advertiram que o fracasso em Bali deixaria os acordos comerciais regionais e bilaterais como os únicos caminhos para reformas comerciais.