Economia

Banco compara lucro da Petrobras ao gol de mão de Maradona em 86

BTG Pactual diz que, como a ‘mão de Deus’ do jogador argentino, Petrobras recorreu a ‘outros recursos’

RIO - O lucro líquido da Petrobras do segundo trimestre deste ano, que foi ajudado por uma mudança de contabilidade — para neutralizar a desvalorização do real frente ao dólar em sua dívida líquida — e pela venda de ativos da empresa no exterior, foi comparado em relatório do banco BTG Pactual, nesta segunda-feira, ao gol de mão do jogador argentino Diego Armando Maradona na quarta-de-final da Copa do Mundo de 1986, contra a seleção da Inglaterra. Segundo o banco, assim como o craque argentino, a Petrobras recorreu a “outros recursos” em seus resultados.

Com o título “La mano de Dios”, o relatório, assinado pelo analista Gustavo Gattass, lembra que Maradona afirmou que seu gol naquele jogo contra a Inglaterra foi “um pouco com a cabeça de Maradona e um pouco com a mão de Deus”:

“Quando nos olhamos o resultado da Petrobras no segundo trimestre nós não deixamos de pensar em algo parecido. A Petrobras, claramente, superou as estimativas. Mas fez isso com uma pequena parte de resultados operacionais um pouco melhores e uma em grande parte por outros recursos”, escreveu o analista do banco.

A Petrobras fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 6,2 bilhões, queda de 19% em comparação ao primeiro trimestre, mas acima das expectativas do mercado. A própria companhia reconheceu, contudo, que a mudança contábil adotada a partir de meados de maio “evitou a redução de R$ 7,982 bilhões no resultado financeiro”.

Gattass disse esperar agora que, como a Argentina em 1986, que acabou vencendo a Copa do Mundo, a Petrobras faça um bom uso da “mão financeira” e possa “cumprir sua meta de produção de 2013 e estabilizar seu balanço”. Para o banco, isso “poderia ganhar a Copa do Mundo” para a Petrobras.

O analista do BTG Pactual manteve, porém, sua visão “neutra” sobre ações da empresa, o que significa que não recomenda a compra dos papéis. Entre os motivos, o banco citou a preocupação com atrasos em plataformas do pré-sal, o que dificultaria o aumento de produção da estatal até o fim do ano.