Em menos de cinco meses de Orlando City, Kaká já correspondeu à expectativa. Nem tanto pelo que fez dentro de campo até agora. Mas principalmente pelo que representa fora das quatro linhas. Com a imagem do craque brasileiro, o novato da Major League Soccer acelerou o processo de popularização é já é sucesso de público. O "efeito Kaká" teve papel determinante para o clube conseguir esgotar em dois meses os carnês para os jogos em casa na atual temporada e já ter fila de espera para 2016.
- A importância do Kaká é absoluta. Você monta um time em torno de alguns interesses. Quando traz um jogador desse tamanho, gera interesse da comunidade local, do Brasil, da China, de todo o lugar. Todo mundo quer ver o Kaká jogar, o time do Kaká jogar. Isso nos ajuda a lotar o estádio, mas quando jogamos fora, o estádio também está lotado, já que todo mundo quer o ver o Kaká. Fizemos um esforço para trazê-lo, pois sabíamos da sua grandeza, e o retorno tem sido fantástico - comentou Alexandre Leitão, (Chief Executive Officer, diretor executivo) do clube.
Desde a chegada de Kaká, o Orlando tem uma média de 39 mil pessoas no Citrus Bowl - estádio que recebeu a Copa do Mundo de 1994 e passou por uma reforma de cerca de US$ 200 milhões para se modernizar. Do total, 14 mil são fixos por conta dos "season tickets" (carnês). A franquia comercializou a sua cota anual e já abriu procura para a próxima temporada.
Não à toa Kaká foi escolhido a dedo por Alexandre Leitão e Flávio Augusto da Silva, proprietário do clube, para ser o garoto-propaganda da franquia.
- No início, buscávamos um jogador com a cara do clube, que refletia nossos interesses, com liderança, talento, carisma e relevância fora do campo. Vimos que esse jogador existia. Essa primeira parte até foi fácil. Difícil foi pegar o cara e trazer para cá. O processo durou quase dois anos de muitas conversas. Foi um processo de convencimento, mostrar para o Kaká o que é a liga, para onde ela vai. Tivemos a sorte de o Kaká abraçar e também ter esse interesse. Casou uma série de situações e estamos felizes de estar com o Kaká aqui - disse Leitão.
A satisfação do clube com Kaká é recíproca. O meia já se considera totalmente adaptado ao estilo de vida em Orlando e entrosado com o discurso de fazer dos Lions um clube global.
- Minha adaptação tem sido muito boa. Estou feliz com essa nova experiência, esse novo projeto. É um lugar novo, que nunca tinha morado, só passado férias. Tudo está contribuindo para esse momento de felicidade. É muito ver brasileiros nos estádios, nas ruas. Orlando está trazendo cada vez mais gente para o estádio. Isso é fruto do bom trabalho.
CASA NOVA A CAMINHO
Apesar da capacidade do Citrus Bowl ser de 53 mil (o Orlando levou 52.510 pagantes na sua estreia na Major League Soccer, em 8 de março, contra o New York City), a limitação de carnês é uma maneira de o clube já programar a logística em sua nova casa, onde caberão inicialmente 20 mil pessoas. O estádio está sendo construído a poucos metros do Citrus Bowl. As obras começaram em 2014, e a previsão é que o local já esteja pronto para o início da MLS de 2016, ao custo total de aproximadamente US$ 150 milhões.
Como os donos dos atuais 14 mil carnês têm prioridade para a próxima temporada, o Orlando não queria causar uma demanda maior que a oferta do novo estádio. A fila de espera já conta com aproximadamente dois mil inscritos. Em média, quem compra "season tickets" paga US$ 20 por jogo. O ingresso avulso mais barato para o amistoso de sábado contra a Ponte Preta, por exemplo, custa US$ 40.
um passo por vez
Se o projeto de expansão da marca vai a todo vapor, o time ainda não engrenou. Compreensível para Leitão, já que é um grupo montado recentemente e que ainda necessita de tempo para entrosar. Em oito jogos até o momento, o Orlando tem quatro derrotas, duas vitórias e dois empates, em sexto na Conferência do Leste. Um desempenho modesto para quem almeja virar uma potência nacional nos próximos anos.
- Claro que nosso objetivo é ser campeão, mas precisamos dar um passo atrás do outro. O primeiro é ir aos playoffs. Não é fácil. Apenas um time em 20 anos conseguiu chegar aos playoffs em seu primeiro ano. O motivo é simples: pegar 28 jogadores que não se conhecem e formar um time requer tempo. Vamos chegar lá pelos talentos que temos. A temporada é longa, são 34 jogos. O time vai chegar lá - afirmou o CEO do clube.
A ambição do Orlando é proporcional à estrutura que oferece aos jogadores. Fundado em 2011, o time, com dois títulos da USL Pro (espécie de terceira divisão), conta com um CT com 17 campos, tem 2,5 mil crianças nas escolinhas e 200 jovens nas categorias de base.