10/11/2013 09h00 - Atualizado em 11/11/2013 11h23

Captura é o momento mais tenso no manejo do jacaré no Lago do Cuniã

Reserva abriga cerca de 80 famílias que se beneficiam da exploração.
Trabalho feito à noite exige muita cautela e cuidado com a sustentabilidade.

Do Globo Rural

A captura é o momento mais tenso no manejo de jacaré no Lago do Cuniã, em Rondônia. O trabalho é feito à noite porque é quando os animais se tornam mais vulneráveis.

“O jacaré para ser abatido tem que ter no mínimo 1,80 metros e no máximo 2,98 metros. O peso varia entre 20 e 170 quilos”, diz Ana Delanir, bióloga.

A primeira atividade do dia é a lavação. Aos poucos a pele negra do dorso do jacaré vai ficando evidente, a parte branca da barriga, também.

O abatedouro de jacaré do Cuniã foi construído com recursos da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, que precisava investir em projetos assim como forma de fazer sua compensação ambiental.
 

Toda carne que sai de lá respeita as regras do serviço de inspeção municipal de Porto Velho, trabalho de responsabilidade da veterinária Ana Joíse da Rocha. “A carne nobre do jacaré se encontra na cauda. Do jacaré se aproveita a coxa e sobrecoxa, a parte do lombo e a ponta de costela. Além desses cortes se aproveita também a isca, que é feita das aparas”, diz a veterinária.

De um animal com 70 quilos, “se aproveita na faixa de 14 quilos de carne”, explica Ana da Rocha. Tirando a pele, que tem em torno de 12 quilos, o restante é descartado. “Não tem aproveitamento porque ainda não existe uma legislação específica para o abate de jacaré. A gente utiliza uma adaptação da legislação do abate de pescado.”

Assim que é retirada dos jacarés, a pele vai para um barracão onde é feita a limpeza e o controle de fungos e bactérias.

O abate de jacaré no Cuniã é liberado durante três meses no ano, geralmente entre agosto a novembro, época em que as águas dos rios e lagos baixam de nível. No período de pouca chuva na Amazônia, o lago do Cuniã fica dividido em várias lagoas, que servem de berçário para os vários tipos de peixe da região e é o momento perfeito para a captura de jacaré.

Nos meses que a comunidade do Cuniã trabalha com jacaré, pode-se dizer que o movimento por lá dura as 24 horas do dia. Às sete horas da noite tem gente se preparando para pegar o barco e seguir lago adentro.

São os chamados jacarezeiros, uma mistura de pescador e aventureiro, que se especializaram na captura de jacaré na natureza. Gente da própria comunidade, que encontrou nesse trabalho uma nova profissão.

O momento mais delicado na captura do jacaré é a hora de laçá-lo. Tem que ter o máximo de silêncio e o mínimo de agito. O jacarezeiro tem que ser preciso para o animal não fugir. Tudo isso, só com a luz da lanterna.

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