Economia

Lucro da BRF triplica, mas vem abaixo do esperado e ações caem

Resultado no 3º trimestre foi de R$ 287 milhões

SÃO PAULO - A BRF, maior exportadora global de carne de frango, divulgou nesta segunda-feira lucro de R$ 287 milhões no terceiro trimestre, três vezes maior que um ano antes, mas abaixo da expectativa de analistas e da própria companhia.

“Não obstante um desempenho bastante favorável se comparado com o ano anterior e a nossa demonstração de resiliência frente a um cenário doméstico ainda desafiador, o fato é que o desempenho ficou abaixo da nossa expectativa”, disseram o presidente do Conselho de Administração, Abilio Diniz, e o diretor presidente da BRF, Cláudio Galeazzi, em comunicado.

A média das estimativas de analistas obtidas pela Reuters apontava para lucro líquido de R$ 391 milhões de julho a setembro. O Ebitda (sigla em inglês lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 754 milhões no terceiro trimestre, alta de 58% na comparação anual.

Já o Ebitda ajustado - usado como base na avaliação de analistas - ficou em R$ 911 milhões, 61% maior ante igual período do ano passado. O Ebitda ajustado subiu graças “à recuperação gradual das exportações e melhoria da margem operacional dos negócios do mercado interno”, segundo a BRF.

Ainda assim, também ficou abaixo dos 980 milhões esperados por analistas. Às 12h33, as ações da BRF recuavam 2,78%, enquanto a Ibovespa avançava 0,73%.

“Acreditamos que os resultados do terceiro trimestre exercerão pressão sobre nossas estimativas para 2013 e os resultados no curto prazo devem continuar a sofrer por causa da cautela dos consumidores no mercado doméstico”, disseram os analistas do Itaú BBA em relatório a clientes, mencionando resultados “surpreendemente fracos”.

A dívida líquida da companhia ficou em R$ 7,2 bilhões, o equivalente a 1,95 vez o Ebitda, abaixo da relação de alavancagem de 2,22 vezes no segundo trimestre e de 2,76 vezes no terceiro trimestre de 2012.

“A geração de caixa cresceu substancialmente, como reflexo do próprio resultado operacional associado à gestão do capital, resultando em diminuição da alavancagem da empresa”, acrescentou a companhia.

A BRF - que passa por um período de mudanças estruturais, com vistas a reforçar sua participação no mercado internacional - está preparando para plano com diretrizes para até 2017, que inclui aceleração em novos negócios.

“A companhia estima que as oportunidades identificadas poderão ser atingidas gradualmente, o que importaria em resultado operacional, caso alcançado, de até R$ 1,9 bilhão por ano, a partir de 2016.”

Para que isso seja alcançado, a BRF estima necessidade de aprovação de investimentos da ordem de 800 milhões de reais nos próximos três anos.

Vendas crescem

A receita líquida da BRF no terceiro trimestre avançou 5,4% sobre igual etapa de 2012, para R$ 7,6 bilhões na comparação anual. No mercado interno, responsável pela maior parcela das vendas, o faturamento cresceu 4%, para R$ 4,3 bilhões, mesmo num cenário considerado desafiador pela pressão inflacionária que compromete o poder de compra dos consumidores. As vendas externas da BRF avançaram 7% no trimestre, somando R$ 3,3 bilhões.

A BRF apontou a recuperação do ritmo de vendas à Ucrânia e a aproximação das negociações de fim de ano em alguns mercados como fatores que -combinados com a desvalorização do real frente ao dólar no período - contribuíram para o bom desempenho fora do Brasil.

As vendas internas no acumulado do ano também cresceram 4%, somando R$ 12,4 bilhões, enquanto as externas avançaram 18%, para R$ 9,9 bilhões. Os investimentos da companhia no terceiro trimestre somaram R$ 377 milhões, 30% menores que um ano antes.