Depois de cinco meses de retirada de dólares da economia brasileira, os recursos voltaram a fluir para a economia brasileira no começo de novembro, segundo informações do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (13).
De acordo com a autoridade monetária, o ingresso de divisas na economia brasileira superou a retirada de recursos no valor de US$ 2,57 bilhões na parcial deste mês, até a última sexta-feira (8).
Em novembro, está previsto o pagamento do bônus do campo de Libra, cujo leilão e foi vencido pelo consórcio formado pelas empresas Petrobras, Shell, Total, CNPC e CNOOC. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a expectativa de ingresso de dólares no país, por conta desta operação, é de US$ 4 bilhões.
Últimos meses
Nos últimos cinco meses, entre junho e outubro deste ano, US$ 18,12 bilhões foram retirados da economia brasileira. No mês passado, a saída de valores somou US$ 6,2 bilhões, a maior saída mensal de 2013.
Acumulado do ano
Mesmo com a entrada de dólares registrada no começo deste mês, o saldo parcial de 2013 ainda está deficitário em dólares. Desde o início deste ano, até 8 de novembro, US$ 3,44 bilhões deixaram o Brasil.
Em igual período do ano passado, foi registrado um ingresso de US$ 20,93 bilhões no país. Com isso, o fluxo cambial teve uma reversão de US$ 24,37 bilhões no acumulado de 2013.
A saída de dólares do Brasil neste ano teria sido maior, segundo operadores, se não fosse a captação da Petrobras no mercado externo de US$ 11 bilhões feita em maio. Não há informação exata, porém, sobre quanto desta operação foi, de fato, internalizado no país.
Se confirmado o saldo negativo de dólares para todo este ano, será o primeiro desde 2008 (quando o valor ficou negativo em US$ 983 milhões), no auge da crise financeira internacional que abalou os mercados e minou a confiança de investidores.
Impacto na cotação do dólar
A entrada de recursos no país, que foi registrada no começo de novembro, favoreceria, em tese, a queda do dólar. Isso porque, com mais moeda norte-americana no mercado, seu preço tenderia a ficar menor.
Entretanto, recentemente vem sendo registrada alta na cotação da moeda norte-americana. No fim de outubro, o dólar estava cotado em R$ 2,23. Nesta quarta-feira, por volta das 12h40, já estava em R$ 2,32.
A alta do dólar em novembro, de acordo com economistas, pode estar relacionada com a rolagem rolagem da posição de “swaps cambiais” (contratos no mercado futuro de dólar, que acabam gerando repercussões no mercado à vista) que vencem em 2 de dezembro próximo no montante de US$ 10,11 bilhões.
Analistas avaliam que a postura do BC de rolagem gradual tem gerado incertezas no mercado de câmbio - causando volatilidade na taxa de câmbio.
"A não rolagem total [do vencimento] poderá fazer ressurgir a demanda no mercado futuro pressionando a taxa cambial, que então contaminará a taxa do mercado à vista que já está sob pressão de demanda efetiva de dólares “spot”, acelerando a alta, tornando-a mais intensa", avaliou Sidnei Nehme, da NGO Corretora.