Edição do dia 14/05/2015

14/05/2015 21h26 - Atualizado em 14/05/2015 21h26

Comércio varejista tem pior primeiro trimestre dos últimos 12 anos

Sete dos dez setores pesquisados pelo IBGE venderam menos.
Vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,7% em relação a 2014.

O comércio varejista teve o pior primeiro trimestre dos últimos 12 anos. Sete dos dez setores pesquisados pelo IBGE venderam menos. A piora do emprego, da renda e o acesso mais difícil ao crédito afetaram setores importantes, como o de supermercados.

E um outro segmento, que foi símbolo da explosão do consumo na última década, agora sente o impacto da queda do poder de compra dos brasileiros.

Lojas vazias à espera de clientes que não chegam. Vendedores de braços cruzados. André Rangel até gostou do som, mas achou que não era a hora de comprometer o orçamento. “Não sei se é muito caro ou se eu estou ganhando pouco. Tem que pensar legal, porque tem muitas contas. As contas mais interessantes são mais importantes: os filhos, alimento, aluguel”, diz o montador do setor de petróleo.

Nos primeiros três meses do ano, as vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,7%, na comparação com o mesmo período do ano passado. É o primeiro resultado negativo desde o primeiro trimestre de 2003.

O economista Fábio Bentes diz que a época de juros baixos, produção em alta e de crescimento do emprego e da renda desapareceu. Os incentivos fiscais da chamada linha branca foram cortados e a crise abalou a confiança de empresários e consumidores. “Esse modelo se esgotou. Aumento da energia elétrica, aumento do transporte público, dos combustíveis, de certa forma, roubaram esse potencial de consumo desse tipo de produto”, diz o especialista.

Em uma das ruas mais movimentadas do Centro do Rio, em uma loja de eletrodomésticos, tem geladeira, fogão e máquina de lavar com descontos de até 30%, mas essas promoções não têm sido suficientes para atrair os consumidores. Algumas pessoas entram, mas não fecham negócio. A maioria fica só na calçada mesmo. E até o produto oferecido como "imperdível" encalha. Só compra quem realmente precisa.

“Como todo bom brasileiro, paro um pouco, em época de crise, vamos ver. Isso não é essencial, não está fazendo falta, a gente espera sempre mais um pouco”, conta o militar da reserva Jonas Esperança.

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