Economia

Dólar fecha em alta cotado a R$ 2,28; Bolsa encerra sequência de três quedas e sobe 0,92%

Mercado já está na expectativa da reunião do Fed, na próxima semana

SÃO PAULO - Com os investidores já na expectativa da reunião do Federal Reserve, o banco central americano, que acontece na semana que vem, o dólar comercial subiu frente ao real e a outras divisas no exterior nesta sexta-feira. A moeda americana apresentou valorização de 0,35% e encerrou negociada a R$ 2,280 na compra e R$ 2,282 na venda. Na máxima do dia, a moeda americana subiu a R$ 2,288 e na mínima foi negociada a R$ 2,271. Na semana, a moeda americana acumulou queda de 0,97%, enquanto no ano ainda se valoriza 11,42% frente ao real.

Na Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações brasileiro, fechou em alta de 0,92% aos 53.797 pontos e volume negociado de R$ 6 bilhões, puxado pelas ações da Petrobras. O Ibovespa encerrou uma sequência de três quedas consecutivas e terminou a semana com alta de 0,04%.

- A grande dúvida do mercado é saber se o banco central americano começa a redução dos estímulos à economia dos EUA em setembro ou se vai adiar mais um pouco - avalia Maurício Nakahodo, consultor de pesquisas econômicas do Banco Tokyo-Mitsubishi.

Dados da economia americana divulgados nesta sexta vieram abaixo do esperado, o que pode fazer o Fed adiar um pouco mais sua decisão, segundo analistas. A expectativa era de que as vendas no varejo nos EUA apresentassem crescimento de 0,4%. Mas a expansão ficou em 0,2%. Ainda assim, as vendas no varejo, que representam cerca de 30% dos gastos do consumidor, subiram pelo quinto mês consecutivo.

E a confiança do consumidor americano recuou em setembro ao menor nível desde abril. Levantamento preliminar da Universidade de Michigan mostrou que o índice que mede esse sentimento ficou em 76,8 neste mês, frente a 82,1 em agosto. Alguns analistas esperavam um índice de 81,5.

- Esses dados vieram mais fracos do que esperavam os analistas, o que pode influenciar na decisão do Fed. O dólar acabou perdendo força frente a outras moedas no exterior. Dados mais fracos da economia acabaram dando aos investidores a sensação de que a redução dos estímulos poderá começar em outubro ou mesmo dezembro - diz Nakahodo.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários fecharm em alta. O S&P500 subiu 0,27%; o Dow Jones se valorizou 0,49% e o Nasdaq teve alta de 0,17%.

A reunião do Fed está marcada para dias 17 e 18. Alguns analistas apostam que a compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos pode começar a ser reduzida para algo como US$ 70 bilhões. Outra parte do mercado acredita que enquanto a taxa de desemprego não ceder um pouco mais (atualmente está em 7,3%) o Fed não tomará nenhuma decisão.

Levantamento do Wall Street Journal mostra que 47% dos economistas entrevistados apostam em redução na compra de títulos em US$ 15 bi a cada mês. Mas um terço acredita nisso só em dezembro, quando o encontro será seguido de uma entrevista que deve ser uma das últimas de Ben Bernanke no comando do Fed.

Já prevendo alguma turbulência no mercado, o Banco Central brasileiro irá realizar nos dias 16, 17 e 18 de setembro, leilões de swap cambial para a rolagem integral de 135.300 contratos que vencem em 1 de outubro, além do leilão diário previstos no plano de ação para conter a escalada do dólar. Nos dias 16 e 17, serão ofertados 40 mil contratos e, no dia 18, 55.300 contratos. Hoje aconteceu novo leilão de linha, uma espécie de empréstimo aos bancos no mercado à vista com recompra futura, de até US$ 1 bilhão. O Banco Central informou que a taxa de corte para recompra em 2 de abril de 2014 ficou em R$ 2,378. A taxa de venda foi de R$ 2,277.

Em relatório, o Deutsche Bank manteve a estimativa de que o dólar terminará o ano em R$ 2,35 e, em 2014, chegará a dezembro cotado a R$ 2,40.

- Hoje o fluxo de dólares foi menor e os negócios ficaram esvaziados. Alguns importadores aproveitaram a baixa da divisa para comprar dólares no mercado à vista depois da queda dos últimos dias - disse um operador de câmbio.

Ibovespa se mantém no patamar de 53 mil pontos

O Ibovespa, principal índicador do mercado de ações brasileiro, apresentou volatilidade nesta manhã, mas à tarde se fixou no campo positivo. Segundo analistas, o vencimento de opções sobre ações, na segunda-feira, provocou a instabilidade no índice.

Entre as ações mais negociadas do Ibovespa, Vale PNA recuou 0,27% a R$ 33,11; Petrobras PN teve alta de 1,56% a R$ 18,13; OGX Petróleo ON encerrou estável a R$ 0,39; Itaú Unibanco PN teve alta de 1,45% a R$ 31,28 e Bradesco PN subiu 0,81% a R$ 29,80.

- A Petrobras sustentou a alta do Ibovespa. Os investidores estão puxando o preço da ação para o patamar de R$ 18, já que na segunda acontece o exercício de opções sobre ações - disse Ari Santos, gerente da mesa de operações da H. Commcor

A maior alta foi apresentada pelos papéis PN da Gol, que subiram 9,28% a R$ 11,31, enquando a maior queda ficou para os papéis ON da Embraer, com baixa de 2,72% a R$ 18,58.

O empresário Eike Batista divulgou comunicado nesta sexta-feira para esclarecer o envolvimento da consultoria Angra Partners na reestruturação da petrolífera OGX e sua relação com a diretoria da empresa. Segundo o comunicado, a Angra Partners foi contratada pela EBX, holding do grupo, para dar assessoria financeira a Eike, acionista controlador da OGX e de outras empresas do grupo. "A condução dos negócios da OGX continua sob a responsabilidade da sua diretoria, inclusive os trabalhos de restruturação do seu capital que estão sendo conduzidos com assessoria do Grupo Blackstone", diz o comunicado. A nota diz que são 'rumores infundados' as informações de conflitos entre a diretoria da OGX e a Angra Partners.

O presidente da MMX, mineradora do grupo EBX, Carlos Gonzalez, afirmou em teleconferência que, com a negociação firmada com Trafigura e Mubadala, os investidores disponibilizarão um empréstimo-ponte de US$ 150 milhões para a empresa. A mineradora também terá uma opção de adquirir uma participação adicional de 7,5% no porto Sudeste. Mesmo assim, as ações da empresa caíram 1,56% a R$ 1,89.

Os investidores também analisaram o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), que recuou 0,33% em julho ante junho. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve avanço de 3,38%.

Na Europa, os principais índices fecharam com leve alta, mesmo com a expectativa em relação à reunião do Fed. O índice Cac, de Paris, subiu 0,19%; o índice Dax, do pregão de Frankfurt, teve alta de 0,18% e o índice FTSE, de Londres, terminou quase estável, com leve queda de 0,08%.