27/11/2013 20h43 - Atualizado em 27/11/2013 20h58

Veja a repercussão da decisão do Copom de subir os juros pela 6ª vez

Copom elevou a tava Selic para 10% ao ano em reunião desta quarta.
Decisão dividiu entidades da sociedade civil e economistas.

Simone CunhaDo G1, em São Paulo

A decisão do Copom de aumentar os juros pela sexta vez seguida, na reunião desta quarta-feira (27), é vista como acertada pelos economistas, por conta das pressões inflacionárias, mas preocupa as entidades da sociedade civil.

O BC decidiu elevar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, apontando preocupação com a alta dos preços. Com isso, a Selic voltou a ter dois dígitos, o que não acontecia há 20 meses.

As entidades destacam que o governo está exagerando no aumento dos juros básicos, destacando que os juros mais altos podem dificultar o crescimento. Os economistas continuam a ver pressão sobre a inflação e, com isso, necessidade de elevar mais a Selic -- também nas próximas reuniões.

João Ricardo Costa Filho, economista associado da Pezco.
"O comunicado ainda dá espaço para mais aumentos na Selic, mas menor. Pode sinalizar que o término do ciclo de aumento (da Selic) está mais próximo, é até possível que ritmo mude para 0,25 ponto percentual, mas não seria grande surpresa outros aumentos. Acho que decisão foi acertada, porque a inflação não está convergindo para a meta, já que temos pressão de preços."

Miguel Daoud, economista
"A decisão foi correta porque, apesar de a demanda estar enfraquecendo, essa inflação vem da elevação de custos e BC deve continuar a aumentar essa taxa, uma vez que temos dois fatores que estão trazendo preocupação. O primeiro é o possível rebaixamento da nota de crédito do Brasil, com consequência no câmbio, o que vai pressionar a inflação. Outro é a retirada dos estímulos nos EUA, também fator de pressão no câmbio. O maior obstáculo que vem pela frente é a pressão pelo dólar, tanto quanto o sol vai nascer manhã."

Pedro Raffy Vartanian, economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
"A decisão foi correta e esperada, em função da alta não só da inflação corrente, mas também do próximo ano. O Copom agora precisa conter alta dos preços, o que deve persistir em 2014, principalmente em função da desvalorização cambial que aconteceu em 2013, da instabilidade pela mudança da política dos EUA e também do processo de inércia dos preços."

Confederação Nacional da Indústria (CNI)
"O retorno à taxa básica de juros (Selic) de dois dígitos, depois de 20 meses, é negativo, pois esse novo patamar inibirá a expansão dos investimentos privados. A decisão indica que o atual ciclo de aumento ainda não terminou. A CNI reconhece que o Copom deve continuar monitorando o processo inflacionário."

FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro)
"É uma péssima notícia para o Brasil. Dificultará ainda mais a retomada do crescimento doméstico, principalmente se levada em consideração a perspectiva de redução da liquidez internacional em um horizonte próximo, quando o aumento do diferencial de juros exigirá novos aumentos dos juros básicos brasileiros. Soma-se a isso uma inflação persistentemente elevada e um contínuo aumento do déficit em conta corrente, que já se encontra no maior patamar dos últimos 11 anos. Nessas condições, fatalmente a economia brasileira continuará fadada a baixas taxas de crescimento."

Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT
"O Copom mostra que é surdo, pois não ouviu o clamor das centrais sindicais que ontem mobilizaram 3 mil trabalhadores em frente ao Banco Central e cobraram menos juros e mais emprego. Não há nenhuma justificativa plausível para elevar os juros. A inflação está controlada e o câmbio, estável. Também não há motivos consistentes para avaliações pessimistas sobre os rumos da economia em 2014."

José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad)
"O governo continua, através do Banco Central, cumprindo seu papel técnico de aumentar os juros para conter as pressões inflacionárias.  Uma taxa básica de juros de 10% ao ano é um remédio amargo, que engolimos a contragosto porque sabemos que, a esta altura, deixar o caminho livre para a inflação poderia ser ainda mais danoso. A alta dos juros, embora tenha a sua função, é uma escolha perversa – e que deixa intocada a raiz do problema."

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