Economia

Ações da Petrobras sobem mais de 3% com expectativa sobre aumento da gasolina

Investidores trabalharam com a expectativa deo anúncio de um novo reajuste de combustível

SÃO PAULO - As ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras ficaram entre maiores altas da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com a expectativa do mercado de que seja anunciado um reajuste no preço dos combustíveis. Os papéis ON subiram 3,3% a R$ 18,35, a quarta maior alta do pregão, enquanto as ações preferenciais (sem direito a voto) tiveram valorização de 2,4% negociadas a R$ 19,12. A alta da Petrobras ajudou o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, a fechar no azul no último pregão de novembro. O índice subiu 1,23% aos 52.482 pontos e volume financeiro de R$ 5,4 bilhões, reduzido porque o mercado americano fechou mais cedo hoje. No mês, entretanto, o Ibovespa encerrou com queda de 3,27%, depois de quatro altas mensais consecutivas. No ano, o índice perde 13,9%.

O Conselho de Administração da Petrobras se reuniu em São Paulo para tentar definir um percentual de reajuste dos combustíveis. A previsão era de que o índice de reajuste fosse anunciado após o fechamento do mercado, segundo informações da própria empresa. A proposta da diretoria da Petrobras previa um reajuste automático do preço do diesel e da gasolina acompanhando os preços no mercado exterior. Mas a fórmula foi rejeitada pelo ministro da Fazenda Guido Mantega e pela própria presidente Dilma Roussef, porque significaria uma indexação dos preços e mais pressão na inflação.

- Petrobras foi o foco do mercado nesta sexta. As Bolsas americanas fecharam mais cedo e houve alguns ajustes de carteiras de fundos de investimento por conta do fim do mês. As ações da petrolífera subiram com a expectativa de reajuste dos combustíveis, independente de fórmula. A Petrobras precisa desse reajuste para corrigir desfasagens de preço com o exterior e melhorar seu caixa. E como já estamos no fim do ano, o efeito desse reajuste sobre a inflação não seria tão grande - avalia Álvaro Bandeira, sócio da Órama Investimentos.

O mercado vem punindo as ações da Petrobras por conta dessa incerteza em relação aos preços. Nesta semana, as ações da companhia chegaram a cair 6% num só dia após o ministro Guido Mantega descartar a adoção do mecanismo de reajuste de preços. Quando a companhia anunciou que estudava uma fórmula automática de aumentos, no dia 28 de outubro, os papéis da Petrobras dispararam 9%.

Calcula-se que a defasagem do preço dos combustíveis esteja em 15% em relação ao mercado internacional. Os analistas esperam um reajuste de 5% para a gasolina e 10% para o diesel. A discussão sobre a adoção de uma política de preços deve ser postergada para 2014.

Hoje, a agenda de indicadores foi esvaziada e nos Estados Unidos os mercados fecharam mais cedo, numa extensão do feriado de Ação de Graças, comemorado ontem.

Entre as demais blue chips do pregão, Vale subiu 1,51% a R$ 32,79; Itaú Unibanco PN teve alta de 1,25% a R$ 32,96 e Bradesco PN se valorizou 0,97% a R$ 31,03.

Dólar sobe nesta sexta-feira

O dólar comercial fechou em alta frente ao real nesta sexta-feira, negociado a R$ 2,335 na compra e R$ 2,337 na venda, uma valorização de 0,86%. É a maior cotação desde o dia 9 de setembro, quando a divisa fechou a R$ 2,356. Na máxima do dia, a divisa foi negociada a R$ 2,342 (alta de 1,07%) e na mínima chegou a R$ 2,312 (queda de 0,21%). No mês, a moeda americana subiu 4,61% frente ao real, enquanto no ano a alta é de 14,39%. A questão fiscal voltou a pesar no humor dos investidores.

- Muitas empresas dos Estados Unidos emendaram o feriado de Ação de Graças e não abriram, o que reduziu muito o volume financeiro negociado por aqui. Além disso, a briga pela formação da Ptax (taxa média que baliza o vencimento dos contratos futuros de dólar no fim do mês) no último pregão de novembro também influenciou - afirma Felipe Pellegrini, gerente da mesa de câmbio do banco Confidence.

A Ptax ficou em R$ 2,3249 para a venda.

A informação de que o superávit primário do setor público consolidado ficou em R$ 6,188 bilhões em outubro reforçou o desconforto do mercado

- A preocupação com o lado fiscal está estimulando a compra de dólares - afirma um operador de câmbio.

Nesta sexta, o Banco Central realizou mais um leilão de linha, uma espécie de empréstimo aos bancos. O BC oferece dólares no mercado à vista, com compromisso de recompra futura. Foram ofertados até US$ 1 bilhão.

DIs se ajustam após a queda de ontem

As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em alta refletindo a preocupação em relação à política fiscal brasileira depois do resultado do setor público consolidado. A taxa do DI com vencimento em janeiro de 2015 subiu de 10,63% para 10,67%; a taxa do contrato para janeiro de 2017 subiu de 12,07% ontem, para 12,20%. E o papel com vencimento em janeiro de 2021 encerrou com taxa de 12,83% frente aos 12,70% da véspera.

Bolsas da Europa sobem com melhora do mercado de trabalho

No exterior, as principais Bolsas europeias fecharam sem tendência definida. A Bolsa de Frankfurt subiu 0,19% reagindo a um leve declínio na taxa de desemprego da zona do euro e à elevação da perspectiva da nota de crédito da Espanha de negativa para estável pela agência de classificação de riscos Standard & Poor's. A taxa de desemprego da zona do euro caiu 0,1 ponto porcentual em outubro ante o mês anterior, para 12,1%.

Os índices do mercado de ações dos Estados Unidos, que encerraram as negociações mais cedo hoje, também fecharam sem tendência definida. O Dow Jones caiu 0,07%, a 16.083,52 pontos; o S&P 500 caiu 0,08%, a 1.805,65 pontos e o Nasdaq subiu 0,37%, a 4.059,89 pontos.