Economia

Dólar encerra pregão com leve alta de 0,04%, a R$ 2,28; Bolsa sobe

Notícia de que Larry Summers, ex-secretário do Tesouro, não vai mais concorrer à presidência do banco central, animou investidores

SÃO PAULO - Com a desistência de Lawrence Summers, ex-secretário de Tesouro dos EUA, da corrida para presidência do Federal Reserve (Fed), o dólar comercial apresentou queda durante toda a sessão desta segunda-feira, mas na reta final do pregão inverteu a tendência e fechou com leve alta. A moeda americana terminou o dia com valorização de 0,04%, cotada a R$ 2,281 na compra e R$ 2,283 na venda, descolando-se do movimento de baixa do dólar no exterior. Na máxima do dia, a divisa foi negociada a R$ 2,284 e, na mínima, bateu em R$ 2,250, uma variação de 1,5%. Analistas avaliam que apesar do otimismo provocado pela desistência de Summers, o mercado adotou uma postura mais cautelosa no final do dia, à espera da reunião do Federal Reserve, na quarta-feira.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanhou a alta das Bolsas do exterior, pela manhã, mas perdeu força com o fim do exercício de opções sobre ações, que aconteceu na primeira parte do pregão e movimentou R$ 3,5 bilhões. No fim da sessão, o Ibovespa, índice de referência do mercado de ações, subiu 0,04% aos 53.821 pontos e volume negociado de R$ 9,1 bilhões. De acordo com um analista, a Bolsa também perdeu fôlego depois da fala do presidente Barack Obama, que disse que não negociará um novo teto para a dívida pública com o Congresso, o que pode gerar uma nova crise política, como a de 2011.

- O mercado ficou animado com a desistência de Summers, mas a cautela voltou a pauta com o mercado na expectativa da reunião do Federal Reserve, na quarta, quando poderá ser iniciada a redução dos estímulos à economia americana - diz Pedro Galdi, estrategista da corretora SLW.

Summers era o candidato preferido do presidente Barack Obama para comandar o banco central americano.Para o estrategista-chefe do banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno, Summers tinha uma postura contrária ao dinheiro barato injetado na economia todos os meses, o que o levaria a retirar os estímulos de forma mais rápida. Isso vinha desagradando o mercado.

- Summers era contra a postura atual do Fed de estimular a economia com mais agressividade e o mercado entendia que, com ele no comando da instituição, os estímulos seriam retirados mais rapidamente. Agora, as chances de Janet Yellen, vice-presidente do Fed, chegar à presidência da instituição são mais fortes e ela é mais favorável aos estímulos - avalia Rostagno.

Para o economista Darwin Dib, da Capital Markets, Summers sabia que caberia a ele a dura tarefa de reduzir os estímulos, sem causar tantos estragos no mercado financeiro.

- Summers sabia que caberia a ele interromper a estratégia adotada por Ben Bernanke (de estimular a economia). E o barulho em torno de sua indicação produzido pelos democratas lançou demasiada atenção ao fato - avaliou Dib.

A desistência de Summers acontece na semana em que o Federal reserve vai se reunir para decidir sobre a taxa de juro da economia americana, que está entre zero e 0,25% ao ano. Um parte dos investidores ainda acredita que o Fed já poderá iniciar neste encontro a redução dos estímulos, reduzindo a compra de títulos de US$ 85 bilhões mensais para algo como US$ 70 bilhões.

- Eu não acredito que haja mudança já nesta reunião, nem nos juros nem nos estímulos - diz Rostagno.

BC faz novos leilões de swap cambial

Dando sequência ao seu plano de ação para fortelecer o real frente ao dólar, o banco central brasileiro fez mais um leilão programado de contratos de swap cambial tradicional, uma operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. Foram vendidos US$ 496,9 milhões. O BC também rolou 40 mil contratos que venceriam e ofereceu R$ 1,964 bilhão. O Banco Central já havia anunciado a rolagem desse contratos exatamente na semana em que o Fed se reuniria, prevendo algum nervosismo do mercado. Amanhã também haverá o leilão ordinário (de até US$ 500 milhões) e o leilão extra de rolagem (de até US$ 2 bilhões).

A desistência de Summers teve impacto nas Bolsas asiáricas, que fecharam em alta, e animou os pregões na Europa e dos Estados Unidos. O alívio da tensão na Síria também estimulou a procura por mais risco nas Bolsas.

O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, teve alta de 1,22%; o Cac, do pregão de Paris, se valorizou 0,92% e o FTSE, da Bolsa de Londres, teve ganho de 0,59%. Nos EUA, os principais pregões também fecharam em alta, com exceção do Nasdaq. O S&P500 subiu 0,57%; o Dow Jones se valorizou 0,77% e o Nasdaq recuou 0,12%. Um dado mais fraco da economia americana também foi divulgado nesta segunda. O índice de atividade industrial Empire State caiu para 6,29 pontos em setembro.

Na Bovespa, entre as ações mais negociadas do índice, Vale PNA caiu 0,09% a R$ 33,08; Petrobras PN se valorizou 1,76% a R$ 18,47, com a informação publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo de que a gasolina terá reajuste de preço até 21 de outubro; OGX Petróleo caiu 2,56% a R$ 0,38; Itaú Unibanco PN perdeu 0,60% a R$ 31,09 e Bradesco PN se valorizou 0,43% a R$ 29,93.

Os papéis ON da LLX Logística tiveram alta de 2,98% a R$ 1,73, o terceiro maior ganho do pregão, após a informação de que a empresa de Eike Batista fechou acordo com o Grupo EIG para investimento de R$ 1,3 bilhão. Eike deixará de ser o controlador da companhia. Já os papéis ON da MMX encerraram com a maior baixa, de 6,88% a R$ 1,76, com o mercado levantando duvidas sobre o acordo com o fundo Mubadala e a Trafigura em relação ao Porto Sudeste.

A BM&FBovespa divulgou que o saldo estrangeiro na Bolsa está positivo em R$ 3,2 bilhões até o último dia 12.