(Foto: Arquivo/Loucos Alvinegros)
Uma personagem marcante nas conquistas recentes do São Raimundo que não entra em campo, mas contagia os torcedores no Estádio Colosso do Tapajós. O travesti “Joelma”, que ganhou esse nome em uma alusão à cantora da banda Calypso, é um grande símbolo da torcida Loucos Alvinegros e está sempre presente nos jogos da equipe em Santarém.
Considerada por muitos a “musa” do Pantera , Joelma é de uma família alvinegra e acompanha os jogos desde a infância. Com o destaque que o time ganhou nos cenários estadual – após boas campanhas no Campeonato Paraense – e nacional – com o título de primeiro Campeão da Série D em 2009 e a participação na Copa do Brasil de 2010 – a torcedora também foi fazendo mais sucesso pela irreverência e animação durante as partidas.
- O clube se destaca em Santarém e na região. Por isso eu não gosto de falhar com o São Raimundo. Sempre que posso vou aos jogos, sou fanática mesmo e animo a torcida. Faço minha parte para que a equipe possa sair com a vitória – destaca Joelma.
Apelido e sucesso dentro e fora das arquibancadas
Fã assumida da banda Calypso, Joelma escolheu esse apelido para homenagear a cantora paraense. Imitando as roupas e os passos de dança da artista, a torcedora não faz sucesso só no Colosso, mas também em festas por toda a região oeste do Estado onde se apresenta.
Ela é conhecida em vários municípios e sempre é bem recebida por onde anda. Tudo pela popularidade conquistada após o sucesso nos jogos do São Raimundo. Joelma ressalta o carinho que recebe da população em todos os lugares que visita, seja para seus shows ou mesmo no dia a dia.
- Muita gente me procura para tirar fotos e sempre me tratam muito bem. As pessoas demonstram que gostam de mim e que me respeitam, principalmente. Isso eu admiro muito.
Relação com a família e o preconceito
Apesar de toda a popularidade da Joelma, o travesti José Odair teve que lidar desde cedo com o preconceito por sua opção sexual. Ainda criança, com apenas 11 anos de idade, começou a apresentar um jeito mais feminino e interesses diferentes dos outros meninos. Logo foi repreendido pelos pais que não aceitavam o que estava acontecendo com o filho.
Depois de vários anos, a relação com a família mudou e hoje há um respeito sobre o trabalho que José desenvolve como Joelma. É tanto que as roupas caracterizadas que a personagem usa são confeccionadas pela mãe do travesti.
Com o apoio dos pais, Joelma afirma que ainda enfrenta o preconceito de algumas pessoas, mas que não se importa com o tratamento diferenciado que recebe dessa minoria.
- O preconceito existe sim. Mas eu não rebaixo ao nível das pessoas que me discriminam. Minha família já me aceitou e isso é o mais importante. Vou ganhando o apoio de mais pessoas a cada dia que passa.
Quando não está torcendo pelo time do coração ou se apresentando em shows, José Odair, de 28 anos, trabalha como funcionário público.