22/11/2013 11h34 - Atualizado em 22/11/2013 12h24

Déficit da conta externa sobe 70% e atinge US$ 67,5 bilhões até outubro

Na proporção com o PIB, atingiu 3,67% em doze meses até outubro.
Trata-se do maior patamar em mais de dez anos para este indicador.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O déficit em transações correntes, que é formado pela balança comercial, pelos serviços e pelas rendas, um dos principais indicadores das contas externas brasileiras, atingiu a marca inédita US$ 67,54 bilhões de janeiro a outubro deste ano.

Com isso, o déficit parcial deste ano já superou o resultado negativo registrado em todo ano de 2012 (-US$ 54,23 bilhões, recorde histórico para um ano fechado) e teve alta de 70% sobre os dez primeiros meses de 2012 – resultado negativo de US$ 39,56 bilhões.

Para todo este ano, o Banco Central manteve em US$ 75 bilhões sua estimativa para o resultado negativo da conta de transações correntes. O mercado financeiro, porém, acredita em um déficit maior neste ano: de US$ 79,5 bilhões. Até o momento, o maior déficit externo já registrado aconteceu em 2012, no valor de US$ 54 bilhões.

"Tivemos um crescimento normal. É um padrão comum em economias emergentes. Há um crescimento do déficit externo junto com o crescimento da economia como um todo. Isso representa transferência de poupança de economias maduras para o Brasil. Uma entrada de poupança que é necessária. O país necessita investir", declarou Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central.

12 meses e proporção com o PIB
O resultado em 12 meses, e na proporção com o PIB, também mostram forte deterioração do resultado em transações correntes. Em doze meses até outubro, o déficit em conta corrente somou US$ 82 bilhões, ou 3,67% do PIB. Na comparação com o PIB, trata-se do maior patamar desde março de 2002 (3,68% do PIB), ou seja, em mais de dez anos.

O chefe do Departamento Econômico do BC avaliou que a piora do resultado da conta de transações correntes neste ano está relacionada principalmente com a deterioração da balança comercial – o que se deve ao atraso na contabilização de exportação de combustíveis e à manutenção de plataformas de petróleo, entre outros.

Investimentos estrangeiros
A autoridade monetária informou que os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 49,14 bilhões de janeiro a outubro deste ano, com queda frente a  igual período do ano passado (US$ 55,3 bilhões). A expectativa do Banco Central para este ano é do ingresso de US$ 60 bilhões em investimento direto. Com isso, o BC espera queda frente ao patamar registrado no ano passado (US$ 65,2 bilhões).

Financiamento do déficit externo
O BC confirmou, deste modo, que o resultado negativo da conta corrente (US$ 67,5 bilhões) não foi integralmente "financiado" pela entrada de investimentos produtivos na economia brasileira até outubro e avaliou que o mesmo fenômeno deve acontecer em 2013 fechado – algo que não é registrado desde 2001.

Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.

Analistas alertam, entretanto, que em um cenário de crescimento menor do PIB e menor disponibilidade de recursos nos mercados (com a sinalização do fim das medidas de estímulo nos Estados Unidos), e com uma confiança menor na economia brasileira, a atratividade do Brasil também é mais baixa – o que pode significar mais dificuldades no financiamento do déficit das contas externas.

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