Ainda faltam dois meses para que José Aparecido Cazzeta comece a colher a lavoura de soja, mas o agricultor já pensa em quanto vai gastar com o chamado frete curto, ou seja, com o transporte do campo para os armazéns.
Mesmo sem saber ao certo quanto terá que desembolsar com o transporte dos grãos, Cazzeta já garantiu a mão-de-obra para o serviço. "Eu contratei quatro carretas caçamba para buscar a soja", diz.
Na safrinha, para transportar uma tonelada de grão, o produtor pagou R$ 0,50 por quilômetro rodado, mas agora ele já espera um preço mais alto para a safra de verão.
A preocupação de muitos agricultores é com uma possível falta de caminhões para escoar a safra.
O motivo é que a produção de soja deve ter um aumento de mais de 8% em Mato Grosso. São pelo menos 2 milhões de toneladas a mais que o volume colhido no ciclo passado e com mais grãos, vai ser preciso um maior número de caminhões para o transporte.
"A demanda pelo frete longo, o frete da rodovia para levar a carga até o porto aumentou gigantescamente e aí acabou sumindo o caminhão para fazer o frete curto. As empresas preferem ir para a estrada, então vira uma disputa, que certamente vai encarecer muito também o frete da lavoura até o armazém na cidade", Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja/MT.
Outra preocupação é com a concentração que deve acontecer na hora da colheita. Este ano, houve atraso no início do plantio em várias regiões produtoras. Com o retorno das chuvas, o pessoal acelerou os trabalhos e semeou a maior parte das lavouras na mesma época. Com isso, muitos produtores devem tirar a soja do campo ao mesmo tempo e a disputa por caminhões pode acabar fazendo o frete subir ainda mais.
