06/12/2013 12h12 - Atualizado em 06/12/2013 12h38

Gasto em pesquisa fica estável frente ao PIB de 2008 a 2011, observa IPEA

Brasil investe três vezes menos em P&D do que Estados Unidos, diz IPEA.
No longo prazo, principal fator para o crescimento é tecnologia, acrescenta.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

Os gastos das empresas brasileiras em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) somaram R$ 24,2 bilhões em 2011, o equivalente e 0,59% do Produto Interno Bruto (PIB), o que representa estabilidade frente ao patamar registrado em 2008 (0,58% do PIB), segundo nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada nesta sexta-feira (6). O estudo tem por base pesquisa de inovação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É uma estagnação não muito animadora. A causa para isso, em grande medida, é a crise internacional, que começou em 2008"
Fernanda De Negri, do Ipea

"É uma estagnação não muito animadora. A causa para isso, em grande medida, é a crise internacional, que começou em 2008 e afetou significativamente os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento, aliada à uma conjuntura econômica desfavorável em relação à indústria, que representa 70% dos investimentos [em P&D]", avaliou a diretora de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea, Fernanda De Negri.

De acordo com a economista, a teoria econômica mostra que, no longo prazo, o principal fator a determinar crescimento de uma empresa são os gastos em tecnologia e progresso técnico. Segundo ela, as empresas que investem mais em pesquisa e desenvolvimento, e inovam mais, têm crescimento maior do emprego, das vendas e exportações, além de ganhar "market share" (fatia de mercado).

Comparação com outros países
De acordo com o estudo do IPEA, os gastos das empresas brasileiras em pesquisa e desenvolvimento representam cerca de um terço do patamar registrado nos Estados Unidos (1,83% do PIB em 2011), e menos da metade do realizado na Zona do Euro (1,34% do PIB) e, também, na China (1,39% do PIB). "Gastos em P&D são bem importantes. O Japão, a Coreia, os Estados Unidos e a Alemanha, por exemplo, investem mais em P&D. Os países mais pobres, investem menos", declarou.

P&D versus receita líquida corrente
O levantamento do IPEA, porém, também revelou um aspecto positivo dos gastos em pesquisa e desenvolvimento, que avançaram, nos últimos anos, na proporção com a sua receita líquida de vendas. Em 2008, essa proporção estava em 0,75%, subindo para 0,83% em 2011.

"A indústria esta investindo mais em pesquisa e desenvolvimento, mas, devido à conjuntura econômica relacionada com a crise, está perdendo espaço no PIB. Está investindo mais em conhecimento na proporção de suas vendas, mas está perdendo espaço na economia", observou Fernanda De Negri.

Como melhorar
Para a pesquisadora do IPEA, os gastos em pesquisa e desenvolvimento por parte das empresas podem aumentar com uma maior atuação do governo, o que segundo ela já está acontecendo por meio do programa Inova Empresa, lançado em 2012, e, também, com foco em alguns setores. "O Brasil não vai conseguir investir em todas tecnologias. Tem de priorizar [algumas]. Ter algum foco (...) Estamos avançando na política tecnológica, mas é necessario que a política industrial aponte na mesma direção", concluiu ela.

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