06/12/2013 13h34 - Atualizado em 06/12/2013 14h29

Arroz, feijão e pão ajudam a conter a inflação de novembro, diz IBGE

Boas safras e melhora no preço do trigo fizeram baixar preços de alimentos.
Mesmo antes de vigorar, aumento da gasolina já influenciou IPCA.

Lilian QuainoDo G1, no Rio

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IPCA novembro 2013 mensal (Foto: Editoria de Arte/G1)

O prato típico do brasileiro, arroz e feijão, ficou mais barato em novembro, e, junto com o pão francês, também em queda, foi o responsável pelo recuo da inflação do país de 0,57% em outubro para 0,54% em novembro. Os alimentos, que marcaram uma variação de 1,03% em outubro, caíram para 0,56% em novembro, segundo o Índice Nacional de Preços ao consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do setor de Índices de Preços do IBGE, explica que o arroz vem se mantendo em queda graças à safra boa e grande.

“O arroz ficou mais barato 4,56% em 12 meses. E o feijão que está sendo comercializado é o da terceira safra que foi grande como as anteriores. Os agricultores e produtores não devem estar felizes com o preço que estão recebendo”, disse Eulina, ressaltando que o feijão mulatinho, em 12 meses, ficou mais barato 15,08%.

Outras quedas colaboraram para o recuo do IPCA, como a do óleo de soja, beneficiado pela safra recorde anunciada para 2013,ficando mais barato 17,64% em 12 meses. Alho e cebola também baratearam ao longo de 12 meses em cerca de 14%.

Alimentos que ainda aceleraram os preços, mas em menor ritmo, também seguraram a inflação, como o leite, em melhor situação de preços por conta das chuvas que melhoraram os pastos, e o pão francês, que de uma alta de 1,48% em outubro caiu para 1,05% em novembro, como resultado da queda da farinha de trigo, de 3,75% em outubro para 1,67% em novembro.

Segundo Eulina, o Brasil importa trigo principalmente da Argentina, que tem em 2013 uma das piores safras em 100 anos por causa de problemas de clima. Com isso, o país vem comprando trigo mais caro dos Estados Unidos.

“E mesmo a safra brasileira sofreu com as chuvas no Paraná e no Rio Grande do Sul, que prejudicam a qualidade do grão. E a alta do dólar faz o preço do trigo subir internamente, refletindo nos pães e nas massas”, explicou.

Segundo ela, a melhora em novembro se deveu a iniciativas do governo que colocaram estoques de trigo no mercado.

“Também pode ter havido uma reação do consumidor ao aumento de preços”, disse.

Já os produtos não-alimentícios aumentaram a variação de 0,42% em outubro para 0,54% em novembro, puxados principalmente pelos itens monitorados, que são as tarifas de serviços públicos, e impediram um recuo maior da inflação.

A energia elétrica, por exemplo, de uma taxa negativa de 0,58% em outubro acelerou para 1,63% em novembro. Segundo Eulina, não apenas pelo reajuste da tarifa, mas também pelo aumento de impostos como PIS e Cofins.

A gasolina, mesmo antes do aumento anunciado pelo governo, mostrou aceleração de 0,01% em outubro para 0,63% em novembro.

Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do setor de Índices de Preços do IBGE (Foto: Lilian Quaino/G1)Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do setor
de Índices de Preços do IBGE
(Foto: Lilian Quaino/G1)

“Chama a atenção a alta mesmo antes do reajuste. As notícias sobre o aumento do combustível podem ter eliminado os descontos que os postos concedem. O etanol, que aumentou em outubro,  contribuiu para o avanço da gasolina, que tem em sua composição 25% de álcool. Mas é no IPCA de dezembro que vai ter mais impacto”, disse a coordenadora.

Eulina antecipou os itens monitorados que vão impactar o IPCA de dezembro, a começar pela gasolina, com aumento de 4%  a partir de 30 novembro, e do diesel, mais 8% a partir da mesma data. O cigarro foi reajustado em 13% a partir de 2 novembro. A inflação de dezembro vai computar ainda um resíduo do aumento na tarifa de água e esgoto no Rio de Janeiro, de 6,27% a partir de 1º de novembro, e de 4,64% na tarifa de água para um quarto da população do estado, a partir de 7 de novembro. Também pesará o reajuste na tarifa de água e esgoto de São Paulo, de 3, 14% a partir de 11 de dezembro.

O IPCA de janeiro de 2014, a ser divulgado em fevereiro, contará com a pesquisa do município de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e da região metropolitana de Vitória, anunciou o IBGE.

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