Economia

‘O mercado sabe que há um grande potencial’, diz especialista sobre leilão de Libra

Para especialista do Centro para Estudos de Energia Global (CGES), resultado do leilão foi bom para o Brasil

LONDRES - Em entrevista ao GLOBO, Manouchehr Takin, analista do Centro para Estudos de Energia Global (CGES), afirma que todos saíram ganhando no leilão de Libra. Para ele, ainda é cedo para falar em impacto na geopolítica, mas potencial é grande.

Qual é o impacto que a exploração de Libra terá no mercado e na geopolítica do petróleo?

É cedo para falar em impacto sobre a geopolítica. Tudo isso leva tempo. O impacto de Libra só virá a longo prazo. Serão necessários de cinco a dez anos para que venham os primeiros resultados. Agora, o mercado sabe que há um grande potencial.

O que vai determinar o ritmo da produção?

Os investimentos são muitos altos. Trata-se de um volume de investimentos entre US$ 100 bilhões e US$ 200 bilhões nos próximos cinco anos. Mas esta também é uma decisão soberana do país. É preciso ver como esses investimentos serão feitos. Pode ser que se opte por explorar um ou dois poços nos próximos 10 anos. De onde vai sair esse dinheiro, do governo brasileiro, da Petrobras, dos investidores que se associarem ao projeto? Tudo vai depender da decisão de como se dará a exploração de Libra.

O que o senhor achou do resultado do leilão de Libra? O fato de o lucro-óleo ter sido o mínimo exigido foi uma frustração?

Acho que todos saíram ganhando. Foi bom para o Brasil. Há investimentos a longo prazo pesados que a Petrobras ou o governo não poderiam fazer sozinhos.

Só um grupo deu lance. Poderia ter sido mais concorrido?

O dinheiro que está sendo pago adiantado não é para qualquer um. Não são todas as empresas que têm essa capacidade. Ficaram as chinesas, que contam com o prestígio e o apoio do governo chinês, e a Total e a Shell. Essas últimas entraram porque viram que o potencial é grande.

O que esperar dos chineses?

Não vejo nada de anormal nos chineses quererem ampliar a sua posição no Brasil. Eles estão fazendo isso em outros países. A China vem tentando assegurar o seu consumo de energia no futuro.