01/12/2013 08h30 - Atualizado em 01/12/2013 08h34

Falta de agrotóxico autorizado dificulta combate à broca em cafezais

Produtores reclamam da demora do governo na liberação de novo produto.
Broca é conhecida como um dos piores inimigos do cafezal.

Do Globo Rural

Os produtores de café estão terminando o ano com um problema. Não existe no mercado nenhum agrotóxico autorizado para combater um dos piores inimigos do cafezal: a broca.

A equipe do Globo Rural subiu a região serrana do Espírito Santo. São 650 metros de altitude até chegar ao município de Marechal Floriano, a 40 quilômetros de Vitória. Uma região cheia de belezas naturais e com um clima ameno. Nesta época do ano, a temperatura média da região é de 19 ºC.

O que predomina é o café  arábica. É comum encontrar agora alguns cafezais que ainda estão com grãos maduros. Bem diferente de outras regiões, como o sul de Minas, onde a colheita já acabou. Aqui, a safra pode se estender até o final do ano. É nessa época que os cafeicultores precisam combater um dos principais inimigos da lavoura: a broca.

Ela tem menos de dois milímetros. Mesmo muita pequena, pode fazer um estrago gigantesco em uma lavoura de café. A broca perfura o fruto e pode comprometer boa parte da produção.

Há alguns anos, o agrônomo Cesar Krohling se dedica a pesquisar os efeitos da broca nos pés de café. "Quando você faz um corte no caroço de café,  você observa que ele tem o ataque da broca, que causa prejuízo, deformação do grão de café”

O besourinho é a fêmea na idade adulta. É ela que  perfura o grão do café  para depositar os ovos no interior. Cada fêmea pode botar mais de 70 ovos. Deles, nascem as larvas que se alimentam do fruto e comprometem o seu desenvolvimento. "Em função do furo da broca pode ocorrer fermentações indesejáveis no grão, que vai comprometer a qualidade desse grão".

O problema é que, em julho deste ano, foi proibido o uso do inseticida que, segundo os cafeicultores, era o mais eficiente para combater a broca. Esse agrotóxico tem como princípio ativo o endosulfan.

O agrônomo José Braz Matiello é pesquisador da fundação Prócafé, ligada ao Ministério da Agricultura. Ele aponta os motivos que levaram o governo a retirar o produto do mercado. "Problemas de doença, em muita gente pode causar problema de pele e até câncer foi visto".

O produtor José Stockl compreende os riscos do agrotóxico, mas por outro lado, se sente agora desarmado para combater a broca. Os inseticidas que existem no mercado atualmente, segundo ele, não são eficientes. "Estamos aguardando o que vai acontecer no futuro. Não temos estoque no mercado hoje. Está proibido e os novos não chegaram”.

Em setembro de 2011, as indústrias encaminharam ao governo os pedidos de registro de dois novos produtos para combater a broca. Eles têm como princípios ativos as substâncias cyazypyr e rynaxypyr , que são menos tóxicas. “Oha, foram feitos vários trabalhos nas mais diversas regiões, tanto de arábica como de conilon, e tem comprovado boa eficiência sim”, diz César.

A questão é que já se passaram dois anos e, até agora, os novos produtos não foram liberados.
Para ser usado na lavoura, um agrotóxico precisa da aprovação de três ministérios: o da agricultura, o da saúde e o do meio ambiente.

Luís Rangel, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal, informou que eles já tem um parecer do ponto de vista de eficiência agronômica de ambos os produtos e que trabalha para que todos os procedimentos necessários para a liberação comercial sejam feitos. Ele acredita que a liberação de um dos dois produtos em estudo - o Rynaxypyr - pode acontecer até fevereiro.

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