Edição do dia 04/07/2015

04/07/2015 22h59 - Atualizado em 04/07/2015 22h59

Diretor do jornal satírico Charlie Hebdo é atração em congresso em SP

Laurent Sourisseau sobreviveu a atentado de radicais islâmicos contra a publicação no início do ano.

O diretor do “Charlie Hebdo” – o jornal satírico francês vítima de um ataque terrorista por radicais islâmicos – falou neste sábado (4) no Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo em São Paulo. Ele fez um apelo pela liberdade de expressão.

A vida de Laurent Sourisseau, o Riss, virou um inferno. O cartunista, hoje diretor do jornal satírico francês Charlie Hebdo, não anda sem segurança. Nesta vinda ao Brasil, 12 policiais federais o acompanharam para todo lado. Antes da palestra, a convite da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), um minuto de aplausos para os cartunistas mortos no atentado do começo do ano. Sourisseau disse que o jornal é pautado pelo princípio de que uma sociedade democrática não pode ser guiada por crenças religiosas. Contou que, na França, a Justiça tem respeitado a liberdade de expressão e que as reações mais radicais vêm das associações religiosas privadas.

Apesar de perseguições e processos na Justiça serem uma rotina na vida do jornal, o diretor do Charlie Hebdo disse que, dias antes do atentado, a redação estava tranquila porque, segundo ele, não havia nenhum indício de que fosse ocorrer algum ataque. Mas a história mostrou que eles estavam enganados.

No dia 7 de janeiro deste ano, três homens invadiram a sede do jornal, em Paris, e mataram 12 pessoas, entre elas os principais cartunistas do Charlie Hebdo. Sourisseau levou um tiro no ombro. Em uma rápida entrevista, disse que as ameaças continuam e que o cartunista Rénald Luzier, que desenhou a primeira capa depois do atentado, não aguentou a pressão e saiu do jornal. Contou também que sua própria liberdade está limitada e que é obrigado a cumprir as exigências da segurança onde quer que vá. Perguntado se a proteção tem sido suficiente, ele respondeu, brincando: “Eu espero que sim”.