Economia

Se vier até 15 de dezembro, alta da gasolina compromete inflação

Para IPCA ficar inferior ao de 2012, reajuste tem que ser no fim do ano

RIO - Pode estar mais na data do que no percentual de aumento a solução para o governo conseguir reajustar o preço da gasolina este ano, como precisa a Petrobras e, ainda assim, assegurar uma inflação menor do que a de 2012, como quer o Planalto. Cálculos do economista Luiz Otávio Leal, do Banco ABC Brasil, mostram que, se o aumento do combustível começar a valer a partir do dia 15 de dezembro, o impacto sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será mínimo, e o indicador fechará o ano em torno de 5,75%. No ano passado, o IPCA ficou em 5,84%.

- Se quiserem resolver os dois problemas, têm de empurrar para depois do dia 15. Para a Petrobras, já não vai fazer mais tanta diferença dia 1º ou 15 de dezembro. Mas, para a inflação, reduz muito o impacto. Um reajuste de 8% nas refinarias e de 4,8% nas bombas já resolveria o problema da empresa. Agora, é claro que, se aumentarem em 20%, não há data que faça a inflação ficar menor.

O reajuste da gasolina também é o fiel da balança para a projeção de inflação deste ano do economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

- Sem gasolina, a inflação fecha o ano em 5,8%. Se tiver o aumento, deve chegar aos 6% - afirma o professor.

Energia, cigarros e alimentos

Além do combustível, há aumentos que vão pressionar a inflação deste ano, como as contas de água do Rio de Janeiro e São Paulo, os preços de cigarros e a energia elétrica da Light, mas nenhum deles é motivo de preocupação para os especialistas.

Para os alimentos, a perspectiva é que o processo de deflação tenha chegado ao fim. E, a partir de agora, haja uma certa pressão, processo comum no fim do ano, sobretudo com carnes e produtos importados, mas nada que coloque em risco os números do IPCA. As previsões são de que tanto em novembro quanto em dezembro o índice oficial de inflação fique em torno de 0,6%.

O cenário de preços para o ano que vem não traz grandes novidades em relação a este ano. Cunha acredita que a inflação de 2014 deverá oscilar entre 5,5% e 6%, conta que considera os reflexos da gasolina mais cara e o menor controle dos preços administrados, diferentemente do que ocorreu este ano, quando as tarifas de transportes públicos e a gasolina tiveram reajustes menores.

Uma grande novidade, diz ele, pode vir dos preços dos remédios, caso seja aprovada a proposta de reduzir impostos para estes produtos.

- A redução dos impostos dos remédios é uma medida importante, que pode ajudar a conter a inflação. Mas há o efeito sobre a arrecadação e hoje, o problema fiscal é mais preocupante do que a inflação e o crescimento - avalia.