Economia

Em agosto, US$ 5,8 bilhões deixaram o país, maior valor para o mês desde 1998

Apesar da saída líquida de moeda por três meses consecutivos, saldo no ano ainda é positivo em US$ 2,328 bilhões

BRASÍLIA — A saída de dólares do país superou o ingresso da moeda americana em US$ 5,850 bilhões em agosto, informou nesta quarta-feira o Banco Central (BC). Essa é a maior saída líquida de recursos do país no ano, menor apenas que a registrada em dezembro do ano passado, de US$ 6,7 bilhões. Agosto também foi o terceiro mês seguido a registrar mais saída de moeda estrangeira do que entrada. Ainda assim, os oito primeiros meses de 2013 o saldo foi positivo, no valor de US$ 2,328 bilhões. O saldo registrado em agosto é o pior para o mês desde 1998. Em agosto daquele ano, deixaram o país US$ 11,786 bilhões.

Segundo uma fonte da área econômica, a razão do saldo negativo no mês passado foi o vencimento de dívidas contraídas por bancos e empresas no exterior em 2011. As remessas se concentraram na última semana de agosto e somaram algo em torno de US$ 6 bilhões.

Em janeiro de 2011, o governo adotou medidas macroprudenciais, entre as quais o limite máximo de posição vendida em câmbio – ou seja, os valores aplicados em apostas de que o dólar vai cair. O objetivo da medida era evitar uma valorização muito alta do real. A autoridade monetária decidiu que o máximo de apostas na queda da moeda americana pelos bancos seria de até US$ 3 bilhões.

Em julho de 2011, esse limite para as apostas na queda da cotação do dólar foi reduzido para US$ 1 bilhão, para permitir que os bancos aumentassem sua aposta na valorização do real perante o dólar. Para se ajustarem à nova regra, em agosto daquele ano bancos e empresas foram ao mercado externo e tomaram empréstimos com prazo de dois anos e um dia, para escapar do IOF, que na época era de 6%.

Essas operações venceram no fim do mês passado, o que fez com que a conta financeira do fluxo cambial tivesse um déficit maior em agosto. O volume registrado no mês passado nessa conta é próximo ao valor registrado na última semana do mês.

Em agosto, o saldo foi negativo tanto nas operacionais, em US$ 1,858 bilhão, como no segmento financeiro, com déficit de US$ 3,992 bilhões. De acordo com o BC, a conta comercial apresentou US$ 17,839 bilhões em exportações e US$ 19,697 bilhões em importações. O fluxo financeiro registrou compras de US$ 36,620 bilhões e vendas de US$ 40,613 bilhões.

Nas vendas externas, o montante inclui operações de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), que somaram US$ 3,154 bilhão; Pagamento Antecipado (PA), com US$ 4,435 bilhões; e outras modalidades, US$ 10,267 bilhões.

Índice de preços de commodities sobe 3,77% em agosto

O Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) fechou o mês passado com uma alta de 3,77% em relação a julho deste ano. No acumulado do ano, o índice acumula uma alta de 3,54%.

Composto por uma cesta de preços de commodities agrícolas, metálicas e energéticas convertidos em reais, o IC-Br mede os preços das commodities internacionais. As cotações desses produtos têm influência sobre a inflação brasileira.

Segundo o Banco Central, entre os três principais componentes do índice, em agosto o grupo agropecuária, que abrange carnes bovina e suína, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e arroz, subiu 2,38%. A maior alta, de 9,70%, foi de commodities metálicas (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel). O grupo de commodities energéticas (petróleo, gás natural e carvão) teve aumento de 4,21%.