20/03/2014 17h29 - Atualizado em 21/03/2014 10h49

Bombeiros notificam universidade após morte de estudante em MS

Vistoria constatou atrasos em projeto de brigadas de incêndio e particular.
Universidade diz que não medirá esforços para fazer adequações.

Do G1 MS

Estudante morta dentro de universidade particular em Campo Grande (Foto: Reprodução / TV Morena)Estudante morta dentro de universidade particular
em Campo Grande (Foto: Reprodução / TV Morena)

O Corpo de Bombeiros notificou, nesta quinta-feira (20), a universidade Anhanguera-Uniderp, em Campo Grande, por atrasos no projeto de brigadas de incêndio particular. Notificação ocorreu um dia após a morte da estudante de arquitetura Alana Cristina dos Santos, de 18 anos.

Conforme o coronel dos bombeiros Joilson De Paula, uma vistoria foi feita na instituição depois que colegas questionaram o socorro recebido pela vítima. Com a notificação, a universidade recebeu multa de R$ 3.720, valor que pode chegar a cerca de R$ 186 mil em caso de reincidência.

Em nota enviada ao G1, a assessoria da Anhanguera-Uniderp confirmou o recebimento da notificação do Corpo de Bombeiros e disse que está avaliando os termos da notificação. "A instituição ressalta que não medirá esforços para cumprir com as adequações necessárias", informou a nota.

A jovem passou mal e, de acordo com boletim de ocorrência, ela morreu de parada cardiorrespiratória e houve tentativa de reanimação por uma hora e 20 minutos. Alunos afirmaram que a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e os médicos do Centro de Especialidades Médicas (Cemed) da Anhanguera-Uniderp estavam sem desfibrilador e tentaram reanimar a jovem por meio de massagem cardíaca.

Sobre o atendimento, a universidade informou ao G1 que "possui estrutura necessária para o pronto atendimento de emergência aos seus alunos oferecida pelo Centro de Especialidades Médicas (Cemed), localizado dentro do campus".  A instituição disse ainda que "todos os procedimentos de socorro imediato à aluna foram realizados".

Uma lei estadual, de setembro de 2005, diz que é obrigatória a disponibilização de aparelho desfibrilador cardíaco em locais com circulação diária superior a 1,5 mil pessoas.

Segundo De Paula, a fiscalização sobre a disponibilidade de desfibriladores não é responsabilidade da corporação. O que compete aos bombeiros é a fiscalização sobre a brigada de incêndio e brigada particular, que a universidade não possui, mas o projeto apresentado pela instituição já foi aprovado e eles estavam dentro do prazo de adequação.

Durante a vistoria, foi constatado que alguns itens não foram cumpridos dentro do prazo estipulado no projeto. Conforme a corporação, a universidade tem o prazo de 30 dias para fazer as adequações.

De Paula disse que a brigada tem três equipes com responsabilidades diferentes: combate a incêndio, primeiros socorros e escape. Caso houvesse uma equipe de socorro, eles deveriam fazer o reconhecimento da parada cardiorrespiratória, iniciar manobras de ressuscitação e levar a equipe de socorro até a vítima.

Ainda segundo o coronel, o uso do desfibrilador não é recomendado em todos os casos e a  aplicação do aparelho é automática. Quando se posiciona o aparelho sobre a vítima, ele identifica se há necessidade de aplicação. O aparelho deve ser usado em casos de fibrilação ventricular e taquicardia ventricular com ausência de pulso. A primeira medida a ser adotada em caso de parada cardiorrespiratória é a manobra de ressuscitação.

Estudantes da Anhanguera-Uniderp cobram respostas e medidas da instituição em Campo Grande (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)Estudantes da Anhanguera-Uniderp cobram medidas da instituição (Foto: Tatiane Queiroz/G1 MS)

Revolta
Após a morte de Alana Cristina dos Santos, alunos cobram respostas e medidas da instituição. “Queremos a apuração dos fatos e a responsabilização dos responsáveis para que fatos como esse não se repitam. Poderia ter ocorrido com qualquer um de nós”, disse a estudante do curso de direito Brenda Noslasco, de 19 anos.

“Tem milhares de estudantes, tem alunos deficientes físicos, deficientes visuais, gestantes. Se algum dos estudantes passa mal, como aconteceu, como fica? Estamos diante de uma instituição, aliás de uma grande instituição, merecemos respeito”, contestou a universitária Margareth Aquino, de 24 anos.

Os estudantes informaram que, por conta da morte da aluna, os Centros Acadêmicos vão solicitar um posto de atendimento com socorristas para a universidade.

veja também