A Câmara de Comércio Exterior (Camex), fórum de ministros de Estado que delibera sobre medidas de comércio exterior, decidiu que não vai iniciar de imediato a retaliação aos Estados Unidos por conta da ausência do pagamento acordado com o governo norte-americano em acordo que resultou no fim do processo de retaliação do algodão - fechado em 2010.
Naquele ano, o Brasil ganhou autorização da Organização Mundial de Comércio (OMC) para retaliar os EUA em US$ 830 milhões por ano, sendo US$ 591 milhões em produtos e cerca de US$ 240 milhões em propriedade intelectual, mas fechou um acordo para o pagamento, pelos EUA, de US$ 147 milhões por ano, dividido em várias parcelas, aos produtores de algodão brasileiros, entre outros.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o último pagamento, feito pelos Estados Unidos, aconteceu em 30 de setembro deste ano, mas o valor não foi depositado integralmente.
"Um grupo de trabalho vai nos dar sugestão até o final de novembro sobre o que devemos fazer. Se vamos retaliar e qual a lista de retaliação (...) Mesmo porque os americanos não têm orçamento hoje. Mesmo que eles queiram pagar, eles não têm como pagar. Aguardamos a aprovação do orçamento [dos Estados Unidos] e, se não constar no orçamento o pagamento no valor, aí vamos fazer retaliação", declarou o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.
Impasse nos Estados Unidos
O Congresso dos EUA precisava ter aprovado até 1h de terça-feira (1) no Brasil, um Orçamento para permitir os gastos federais, o que costuma ser feito com antecedência – mas o prazo terminou nesta segunda. Sem essa aprovação, os serviços considerados não essenciais foram paralisados.
Cerca de 800 mil trabalhadores federais foram colocados em licença não remunerada. A medida provocou o fechamento de museus e parques nacionais, e pode prejudicar a emissão de passaportes, o processamento de impostos, o pagamento de benefícios os pagamentos de subsídios agrícolas e as concessões de empréstimos, entre outros.
Acordo comercial com a União Europeia
A Camex também aprovou nesta quinta-feira, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a oferta brasileira que fará parte das negociações de um acodo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
O documento será encaminhado aos demais países membros do bloco sul-americano para consolidação de uma oferta comum, informou o governo brasileiro, informou o governo federal.
Segundo o ministro da Agricultura, Antonio Andrade, alguns produtos ainda podem ser trocados na lista brasileira. A proposta brasileira vai englobar cerca de 85% do comércio bilateral entre os blocos, informou ele.
"Acreditamos que vai aumentar nossas exportações [para a União Europeia], mas não temos esse valor ainda. O que está mais dificultando é a Argentina, mas acreditamos que, dentro de em breve, vai fornecer a lista deles. E vamos mandar a lista do Mercosul. Os itens em conjuntos é que serão enviados", declarou Andrade a jornalistas.