Os balanços do conglomerado empresarial da Bélgica que vendeu a refinaria americana para a Petrobras registram o sucesso financeiro da operação. Sucesso para os belgas.
A reportagem de Hélter Duarte e Daniel Wiedemann mostra ainda que a imprensa de lá também tratou desse assunto.
“Como Albert Frère se viu inserido no coração da política brasileira". É o título da reportagem de página inteira publicada hoje no L'Echo, um importante jornal belga de economia e política da Bélgica.
Frère tem 88 anos e o título de barão. É o homem mais rico do país, com uma fortuna estimada em quase US$ 5 bilhões. Ele é o dono da CNP, um conglomerado empresarial que comanda o grupo Astra Transcor. Esse grupo comprou a refinaria de Pasadena, no Texas, em 2005.
A reportagem ressalta que a refinaria custou a Frère US$ 42 milhões. E que no fim de 2012, ele embolsou mais de US$ 1 bilhão de quem o jornal chama ironicamente de "grande irmão."
O L'Echo afirma que a estatal brasileira fez um péssimo negócio ao comprar a refinaria em duas partes. E chama a negociação de calamitosa.
Em 2006, a Petrobras pagou US$ 360 milhões. Em 2012, depois de uma longa disputa na justiça americana, pagou mais US$ 820,5 milhões pela segunda metade da refinaria.
De acordo com o jornal belga, em 2004, a refinaria era uma empresa familiar, que não decolou porque os acionistas não tinham capital de giro. “Esta é a história de um golpe de mestre, que o grupo Frère mantém em segredo”, diz o L’Echo.
Balanços da CNP, a empresa que comanda os negócios de Frère, mostram que no mesmo ano em que o grupo comprou a refinaria, já estava em contato com a Petrobras para vendê-la. Os belgas comemoraram o resultado do negócio.
No balanço de 2005, disponível no site da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, a empresa afirma que a parceria com a Petrobras acabou sendo um "sucesso financeiro além de qualquer expectativa razoável".
No balanço de 2006, ano em que a Petrobras, de fato, pagou por metade da refinaria, a Transcor Astra teve um lucro recorde.
No mesmo balanço, a CNP mencionou a existência da cláusula do put option aos acionistas, explicando que, sob certas circunstâncias, poderia obrigar a Petrobras a comprar a outra metade da refinaria.
Em 2007, antes mesmo de entrar em disputa com a Petrobras, a empresa belga passou a considerar a segunda metade da refinaria de Pasadena como um bem à venda.