SÃO PAULO. A Gol Linhas Aéreas e a americana Amyris (empresa de combustível e químicos renováveis) anunciaram nesta quarta-feira a assinatura de um memorando de entendimento que poderá resultar no começo do uso de bioquerosene em voos comerciais da companhia a partir do ano que vem. Pelos planos da empresa aérea, cerca de 200 rotas utilizarão aeronaves com o novo combustível durante os jogos da Copa do Mundo, em julho de 2014. Até lá, segundo o presidente da Gol, Paulo Sérgio Kakinoff, pelo menos uma rota estará utilizando bioquerosene ainda no primeiro trimestre de 2014.
— Vamos utilizar a Copa do Mundo para divulgar o combustível, mas até lá teremos outros voos em operação com o uso de bioqueresone. O objetivo inicial é reduzir as emissões e alcançar o custo de produção equivalente ao combustível fóssil — disse Kakinoff, lembrando que a utilização do bioqueresone não exigirá modificações técnicas nas aeronaves.
A parceria entre a Gol e a Amyris foi celebrada com a realização do primeiro voo comercial com biocombustível entre São Paulo e Brasília. Pelo acordo, as duas empresas trabalharão em conjunto para estruturar um programa de utilização de combustível de aviação derivado de cana-de-açúcar em todos os voos da Gol. O biocombustível desenvolvido pela empresa americana, que tem participação da Total, uma das vencedoras do leilão do campo de Libra, é composto por 10% de etanol de cana e 90% de querosene, e custa entre duas e três vezes mais que a querosene de aviação que é utilizada atualmente.
As aeronaves da Gol só poderão utilizar o novo combustível após as validações das especificações técnicas pela indústria aeronáutica e órgãos como a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a ASTM Internacional, o que deve ocorrer até o final deste ano, segundo o vice-presidente da Amyris, Joel Velasco. Para fazer o voo entre São Paulo e Brasília, a Gol utilizou combustível adquirido de uma outra empresa americana que mistura, além da querosene, etanol de milho e óleo de soja.
A parceria firmada entre Gol e Amyris, que já possui uma planta operacional em Brotas, interior paulista, com capacidade para 40 milhões de litros de biocombustível por ano, também faz parte da Plataforma Brasileira do Bioquerosene (PBQ), iniciativa que tem o apoio da indústria e do governo e tem como objetivo promover o uso de combustíveis renováveis no setor de aviação. A Amyris, segundo Velasco, já investiu US$ 700 milhões, e prepara uma segunda planta em Pradópolis, também em São Paulo, com capacidade anual de 80 milhões de litros.