Economia

TIM Brasil deve ser mesmo fatiada entre os concorrentes

Presidente nega a venda. Futuro tem de ser decidido até dezembro

RIO - O futuro da TIM Brasil vai ser decidido até dezembro deste ano. De acordo com uma fonte a par das negociações, a segunda maior operadora móvel do país deve mesmo ser fatiada entre os concorrentes. Esta mesma fonte lembrou que essa foi a opção apresentada ao governo e é a mais rápida de ser concretizada. No mês passado, o vice-presidente da TIM Brasil, Mario Girasole, rejeitou a possibilidade de a empresa ser vendida em partes:

- Empresa não é linguiça para ser fatiada - disse na ocasião

No último dia 23 de setembro, a Telefónica, dona da Vivo, anunciou o aumento de sua participação na Telco, que passou de 44% para 66%, por meio de um aumento de capital. Uma nova rodada, lembra a fonte, está prevista para janeiro, quando os espanhóis, via um novo aumento de capital na Telco, terão a opção de comprar todas as ações da holding, assumindo de fato o controle da Telecom Itália e, por consequência, a TIM Brasil.

- O prazo para se definir a situação da TIM é dezembro. Este é o prazo. Até porque em janeiro a Telefónica tem a opção de adquirir todo o controle da Telco. Então, não há tempo para perder. Mas uma coisa é decidir a venda da TIM; a outra é saber quem vai comprar, e isso ainda está sendo analisado. A opção hoje mais forte é fatiar a empresa - disse a fonte, que optou por não se identificar, durante a Futurecom, a maior empresa do setor na América Latina.

O presidente da TIM, Rodrigo Abreu, afirmou ontem que, para aumentar seu controle na Telecom Italia, a espanhola Telefónica precisa antes “resolver uma situação regulatória” no Brasil.

- Hoje, não muda absolutamente nada (para a TIM). O que aconteceu no caso Telco é uma situação na qual, lá na frente, se aliviadas as barreiras regulatórias no Brasil, a Telefónica tem a possibilidade de subir a participação nesse grupo de controle indireto. Isso significa que, para ter maioria de controle, é preciso resolver uma situação regulatória aqui - disse o executivo após palestras na Futurecom. - Se a Telefónica quiser exercer aumento de controle no grupo, ela não pode fazer isso e depois resolver a situação aqui. Ela tem que primeiro resolver a situação aqui.

Pela legislação brasileira, um mesmo grupo não pode controlar duas empresas de telefonia móvel em uma mesma região. Abreu enfatizou que “a Telecom Italia já disse com todas as letras, em comunicado oficial, que não existe processo de venda da empresa (TIM) e não existe interesse na venda da empresa hoje”. Segundo ele, a Telefónica é apenas um dos elementos que vão influenciar o futuro da operadora.

- As opções são muito abertas. Uma delas é que, de fato, não tenhamos mudanças no cenário estrutural do país. Porque a Telefônica já está presente no bloco de controle da Telecom Italia desde 2007 - disse o presidente da TIM. - As manchetes que eu vejo hoje são as mesmas daquela época. A gente tem que tomar cuidado para não colocar as especulações à frente dos fatos. Hoje, o impacto é praticamente nenhum.

Ao falar sobre o atual processo de consolidação no setor, o presidente da Oi, Zeinal Bava, alfinetou a situação envolvendo a Telecom Itália e Telefónica.

- A consolidação está na pauta do setor. Tem tudo a ver com a necessidade de ganhar escala para competir com outras companhias. O mercado americano foi vanguardista, onde 15 players se transformaram em cinco. E o (mercado) brasileiro faz esse caminho. Hoje, três operadoras no Brasil (Oi, Vivo e Claro) oferecem convergência. Agora, se fala de outra consolidação no mercado brasileiro. Mas não cabe a mim falar agora - disse ele.

Em outro momento, ao falar da competição no mercado de telefonia móvel, Zeinal destacou que a Oi precisa avançar no segmento móvel, já que hoje está em quarto lugar, com 18,6 %, abaixo de Vivo, Tim e Claro.

- O móvel é onde ainda temos que crescer mais. Estamos aquém. Ainda temos quatro companhias de telecom - disse ao se referir aos concorrentes.