Economia

Acordo pode encerrar briga por herança de milionária americana reclusa

Parentes afastados de Hughette Clark, morta em 2011, acusam funcionários de hospital e advogado de manipular testamento
Uma das poucas fotos da reclusa Huguette Clark, tirada por volta de 1943, aos 37 anos
Foto: Bloomberg / Espólio de Huguette M. Clark
Uma das poucas fotos da reclusa Huguette Clark, tirada por volta de 1943, aos 37 anos Foto: Bloomberg / Espólio de Huguette M. Clark

NOVA YORK - Um acordo pode dar fim à disputa pela herança da milionária americana Huguette Clark, morta em 2011, aos 104 anos. Dos US$ 300 milhões da fortuna da família – que começou com o pai de Huguette, William, no fim do século 19 –, cerca de US$ 35 milhões seriam repassados, segundo uma fonte que falou ao New York Times sob anonimato, a mais de 20 descendentes dos meio-irmãos dela.

Do outro lado da disputa estão uma afilhada, o hospital Beth Israel Medical Center, enfermeiras e médicos que cuidavam dela, e seu advogado, entre outros. Os ex-funcionários são acusados de terem de manipulado a milionária durante sua estadia de duas décadas no hospital, onde ela decidiu se internar em 1991 para tratar um câncer de pele.

Em testamento registrado em fevereiro de 2005, os parentes distantes eram os principais beneficiados e os ex-funcionários recebiam frações menores. Em outro documento, redigido em abril, a situação se inverteu. Na quinta-feira passada, começou a seleção do júri que vai decidir a validade do testamento mais recente.

Poucos meses após sua internação no Beth Israel, Huguette teve permissão para voltar para o apartamento onde havia ficado reclusa por décadas. No entanto, ela decidiu continuar no hospital, em Manhattan, a um custo anual de US$ 400 mil. Nos vinte anos em que esteve lá, distribuiu presentes à equipe de cuidadores e fez doações à instituição. Eles afirmam que Huguette era “uma pessoa generosa” que “queria ajudar aqueles que a ajudaram”.

Enfermeira-chefe teria que devolver dinheiro

Os presentes para a chefe de enfermagem, Hadassah Peri, incluíram apartamentos em Manhattan e um violino Stradivarius; pelo testamento de abril, ela receberia US$ 30 milhões. Já o médico que cuidava do caso de Huguette recebeu presentes diversos que somaram US$ 500 mil, mais uma doação de US$ 100 mil.

O hospital, por sua vez, recebeu mais de US$ 1 milhão em doações, além de um quadro do impressionista francês Edouard Manet, avaliado em US$ 3,5 milhões. Além dos presentes em dinheiro e bens, o contador e advogado da milionária, Lawrence Block, também obteve altas somas como honorários pela execução do testamento.

Pelos termos do acordo, Hadassah Peri não receberia nada, e teria que devolver US$ 5 milhões e uma coleção de bonecas avaliada em US$ 1,6 milhão. Block também não receberia herança. A mansão de Huguette Clark na Califórnia, Bellosguardo, seria convertida em uma fundação, e galeria de arte Corcoran, em Washington, ficaria com US$ 10 milhões.