08/12/2013 08h45 - Atualizado em 09/12/2013 11h03

Criador nordestino transfere rebanho de ovinos para propriedade em SP

Animais destinados ao corte são mestiços de santa inês e dorper.
Cordeiros prontos para o abate pesam em torno de 40 quilos.

Do Globo Rural

Um criador nordestino decidiu transferir os animais para São Paulo. A propriedade, em Pardinho, São Paulo, investe em agricultura e na ovinocultura. Dos 350 hectares da propriedade, 300 são arrendados para o plantio de trigo, soja ou milho. Os 50 hectares restantes são destinados à criação de ovelhas. O grande desafio do criador é provar que os animais rendem mais que a agricultura.

O veterinário Hélcio Souza, que cuida da criação, é irmão do dono da fazenda e começou a criar ovelhas em Senhor do Bonfim, na Bahia, há 15 anos. “O manejo em si não é muito diferente. A diferença é que aqui nós temos muita comida, muita facilidade de produção de comida para os animais, como forragem e milho. Em contrapartida, nós temos lá o clima seco e com muita luminosidade, o que é bom para esse tipo de carneiro”, diz.

Os animais da propriedade são da raça dorper, que é facilmente reconhecida pela cor da pelagem. Esse tipo de animal tem a cabeça preta e o corpo branco. Os filhotes puros de origem ficam no confinamento onde são avaliados. Eles vão virar matrizes e reprodutores para melhorar o rebanho ou serão vendidos a preços, algumas vezes, bem altos. “Em 2008, eu vendi um borrego de quatro meses de idade por R$ 108 mil. Mas isso não mais aconteceu infelizmente”, diz Souza.

Os animais destinados ao corte são mestiços de santa inês e dorper. O sistema é de produção a campo. Eles passam nove meses do ano a pasto recebendo apenas uma suplementação no inverno caso necessário. Reunir os animais para a mamada controlada é tarefa da border collie chamada Laika. A cadela recebe ordens em inglês e, sozinha, organiza as ovelhas.

O trator prepara o novo piquete. O capim usado em toda a área é o bermuda vaquero, de origem africana, que exige tratamento de cultura. “Esse pasto tem mais de quatro anos. Conduzido de forma eficiente, ele sobrevive muito bem na nossa região produzindo volumoso de qualidade para os animais. O mais importante é que ele é resistente à geada”, explica Souza.

Os cordeiros prontos para o abate pesam em torno de 40 quilos. Segundo o veterinário Hélcio Souza, este é um projeto piloto, mas está provando que está vencendo a disputa entre agricultura e ovinocultura.

Um dos frigoríficos que recebe a carne produzida no campo fica em Boituva, São Paulo. Há seis anos, no lugar eram abatidos 30 animais por semana. Hoje, são 160. Um cordeiro jovem tem uma coloração mais clara do que um carneiro que já tem uma coloração escura. O animal jovem tem uma carne mais macia, mais suculenta. “A carne do cordeiro é considerada mais magra, tem menos gordura em relação à do bovino”, compara Renato Sebastiani, dono do frigorífico.

O frigorífico paga ao produtor R$ 5,50 pelo quilo do animal vivo. Um só cordeiro rende vários cortes diferentes. “A gente tem do pescoço ao rabo. Tem a paleta, o carre curto; do miolo sai o carrer francês, um dos cortes mais nobres da alta gastronomia; tem a costela, que fica no centro do animal; a bisteca dupla e outros cortes”, explica Sebastiani.

Muitas pessoas imaginam que a carne de carneiro tem gosto forte demais ou que é difícil de preparar. Para acabar com os preconceitos, o chef Paulo Pecora, acostumado com esse tipo de carne, ensinou a preparar o carre de cordeiro com molho agridoce de maçã, um prato mediterrâneo. Confira a receita no vídeo com a reportagem completa.

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