Economia

Vendas no varejo brasileiro surpreendem com alta pela sexta vez consecutiva, diz IBGE

Analistas previam variação negativa de 0,10% na comparação mensal e alta de 4,6% sobre agosto de 2012. Na comparação com julho, volume de vendas cresceu 0,9%
Ajudinha do governo. Programa Minha Casa Melhor, que financia a compra de eletrodomésticos e móveis para famílias do Minha Casa, Minha Vida, ajudou a impulsionar as vendas do comércio em agosto. No Rio, lojas já fazem promoções para o Natal Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Ajudinha do governo. Programa Minha Casa Melhor, que financia a compra de eletrodomésticos e móveis para famílias do Minha Casa, Minha Vida, ajudou a impulsionar as vendas do comércio em agosto. No Rio, lojas já fazem promoções para o Natal Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo

RIO - As vendas no varejo brasileiro subiram 0,9% em agosto na comparação com julho, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada nesta terça-feira pelo IBGE. Foi o sexto resultado positivo consecutivo, mas que mostra desaceleração frente ao mês anterior, quando subira 2,1%. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o volume de vendas cresceu 6,2% sobre agosto de 2012, acumulando 3,8% no ano e 5,1% nos últimos 12 meses.

Analistas ouvidos pela Reuters previam que as vendas no varejo teriam variação negativa de 0,10% na comparação mensal e alta de 4,6% sobre o mesmo mês do ano passado.

Oito das dez atividades pesquisadas pelo instituto registraram avanço nas vendas em agosto, com destaque para Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (7,6%); Veículos e motos, partes e peças (2,6%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,1%). O setor de hiper e supermercados, de maior peso no varejo, avançou 0,6%. Na outra ponta, Combustíveis e lubrificantes (-0,7%) e Tecidos, vestuário e calçados (-1,0%) finalizaram o mês em queda.

O desempenho do varejo em agosto, que continuou em alta e não devolveu o avanço de 1,9% do mês anterior, fazendo com que a consultoria LCA revisasse de 4,7% para 5% a alta prevista para 2013. O analista Paulo Neves frisa que a aceleração de preços na passagem de julho para agosto, ocorreu em patamar bem inferior ao início do ano, sem força para provocar queda nas vendas de supermercados. Pelo IPCA, a alimentação no domicílio passou de -0,73% para -0,33%.

- Em agosto, temos o reflexo de um mercado de trabalho morno, de ganhos estáveis com ligeira queda, crédito andando de lado, não ajudando, mas também não atrapalhando. De qualquer forma, com os dados de agosto, vemos confirmada a perspectiva de avanço considerável no segundo semestre, concentrado no terceiro trimestre. Mesmo com uma desaceleração esperada para setembro, ainda sim vai ser um trimestre com expansão observada nos anteriores — afirma Neves.

Ajudinha do governo

O programa Minha Casa Melhor, que financia a compra de eletrodomésticos e móveis para famílias do Minha Casa, Minha Vida, voltou a influenciar positivamente as vendas desses produtos em agosto. As vendas de móveis e eletrodomésticos cresceram 0,8% na comparação com julho, na série livre de influências sazonais. Esse foi o sétimo resultado positivo consecutivo para a atividade, mesmo mostrando desaceleração frente ao mês anterior. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o avanço foi de 7,9%.

Segundo Paulo Neves, o programa do governo mostra um impulso maior para as vendas de eletrodomésticos. Esses produtos subiram 12%, em agosto ante o mesmo mês do ano passado. Já as vendas de móveis avançaram 0,8%, na mesma base de comparação.

De acordo com Aleciana Gusmão, da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, os eletrodomésticos ainda se beneficiaram dos efeitos da desoneração fiscal sobre a linha branca e móveis.

— Começamos a observar os impactos do Minha Casa Melhor em julho. Em agosto, continuamos vendo os reflexos dessa política de incentivo ao consumo do governo. O setor ainda foi ajudado porque o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], em agosto, ainda estava zerado para móveis e eletrodomésticos — afirmou .

Na comparação com o ano anterior, somente uma das oito atividades do varejo teve queda no volume de vendas: Livros, jornais, revistas e papelaria (-0,2%). Todas as outras registram expansão, com destaque para Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,6%), Móveis e eletrodomésticos (7,9%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,5%).

Apesar de o segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (alta de 5,6%) ter contribuído com força para o resultado, na comparação com o ano anterior, a atividade continua pressionada pelo comportamento dos preços dos alimentos que deixa o desempenho do setor abaixo da média. O preço dos alimentos cresceu acima da inflação verificada nos últimos 12 meses. De acordo com o IPCA, indicador da inflação oficial do país, o grupo Alimentação no Domicílio subiu 10,6% contra 6,1% da inflação oficial.

Segundo o economista da CNC, Carlos Thadeu de Freitas, o comércio no segundo semestre deste ano ainda é favorecido pelo comportamento benéfico da massa salarial, pela desaceleração da inflação frente ao primeiro semestre. Ele manteve a projeção de alta entre 4% a 4,2% neste ano.

— Não quer dizer que vamos ter um crescimento tão forte das vendas neste ano e para o ano que vem, deverá crescer menos ainda, entre 3,5% a 4%, já que o aperto monetário será mais sentido em 2014.

Resultados regionais

Paraíba (18,0%), Alagoas (13,0%), Rio Grande do Norte (12,7%), Maranhão (10,3%) e Paraná (9,1%) foram os estados que obtiveram as melhores taxas em relação a agosto de 2012. Das vinte e sete Unidades da Federação, vinte e quatro tiveram resultados positivos. No entanto, quando analisada a participação na composição da taxa do comércio varejista, destacaram-se, pela ordem, São Paulo (7,0%), Rio de Janeiro (7,2%), Paraná (9,1%), Rio Grande do Sul (4,5%) e Pernambuco, com 8,6%.

Já as vendas no comércio varejista ampliado - que inclui as atividades de material de construção e de veículos - subiram 0,6% em agosto na comparação com julho (com receita nominal 0,9% maior no mesmo período). Em relação a agosto de 2012, houve queda de -0,8% para o volume de vendas e alta de 4,8% para a receita nominal. O acumulado do ano para o volume de vendas foi de 3,1%, e nos últimos 12 meses, de 4,4%. Já a receita nominal obteve variações de 8,2% e 8,5%, respectivamente.