07/10/2013 06h19 - Atualizado em 07/10/2013 06h36

Seca prolongada devasta pomares de caju cultivados no sertão do PI

Área destinada à colheita de caju é de cerca de 133 mil hectares no Estado.
20% dos cajueiros não resistiram à estiagem prolongada e morreram.

Do Globo Rural

A estiagem prolongada devastou os pomares de caju no sertão do Piauí. A falta do fruto já provocou redução no ritmo das indústrias de suco e de castanha. Até mesmo a cajuína, uma espécie de refrigerante tradicional no estado, está ameaçada.

A seca afetou boa parte das árvores no município de Santo Antônio da Lisboa, a 340 quilômetros de Teresina, no Piauí. A situação provoca desanimo no agricultor Aurino Nunes que plantou 30 hectares do fruto. “Este ano, está um desastre. Já são dois anos com uma seca muito pesada, onde nós cajucultores estamos sofrendo demais”, diz.

A área destinada à colheita de caju no Piauí é de cerca de 133 mil hectares. Pelos cálculos dos produtores da região, 20% dos cajueiros não resistiram à estiagem prolongada e morreram. As árvores foram cortadas e transformadas em lenha.

A queda na safra de caju atinge outros setores. Uma indústria do município planejava beneficiar 30 toneladas do fruto, mas a produção caiu em 90%. “A gente tem grande demanda. Muitos exportadores nos procuram, mas, infelizmente, nós não temos como atendê-los por causa da quebra de safra”, diz Jocibel Bezerra presidente da Cooperativa dos Cajucultores do Piauí.

Oito indústrias de suco de caju, que atuam na região, ficam a maior parte do dia paradas por falta de matéria-prima. “Aqui, a gente trabalhava dois turnos. Agora, somente trabalha uma hora. O maquinário trabalha uma hora. E o pouco caju que ainda tem está vindo de caminhão, de outros estados como o ceará e de outras regiões como o norte do Piauí”, diz Leontino Nascimento Neto, dono da fábrica.

A seca também ameaça a produção de cajuína, bebida mais tradicional do Piauí. A fábrica pretendia produzir um milhão de garrafas, mas até agora só tem 30 mil no estoque. O trabalho de fabricação da bebida, que era feito, diariamente, foi reduzido há duas vezes por semana.

“A gente vê a quantidade de famílias que sobreviviam da colheita do caju e do trabalho na industrialização. Nós estamos tentando dividir com eles, mas está muito difícil”, diz João Rufino, dono da fábrica.

Este ano, choveu uma média de 290 milímetros no sertão do Piauí. O índice ideal para as plantações de caju é o dobro desse volume.

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