Economia

Bodytech negocia comprar rival no Brasil e planeja entrar em 4 países da América Latina

Com a ampliação dos negócios, rede pretende faturar este ano R$ 320 milhões, salto de 45%

Sócios. Urquiza, Accioly e Bernardinho no clube-academia que será inaugurado terça-feira ao lado do Rio Sul, em Botafogo
Foto: Daniela Dacorso / Daniela Dacorso
Sócios. Urquiza, Accioly e Bernardinho no clube-academia que será inaugurado terça-feira ao lado do Rio Sul, em Botafogo Foto: Daniela Dacorso / Daniela Dacorso

RIO — A cena aconteceu na Praia de Ipanema. Era o ano de 2006. Vizinho de André Esteves, dono do BTG Pactual, em um badalado edifício na Avenida Vieira Souto, o empresário Alexandre Accioly comentou com o banqueiro carioca que tinha acabado de comprar uma academia de ginástica. A reação foi de surpresa, mas, em tom de brincadeira, Accioly o convidou para uma sociedade. Com o faro de banqueiro, Esteves deu a senha: quando a hoje Bodytech alcançasse o tamanho do líder do mercado nacional, entraria de sócio da rede de academias e ainda ajudaria a comprar um concorrente de peso no Brasil.

Sete anos depois, o BTG Pactual, um dos maiores bancos do país, já adquiriu 30% do capital da Bodytech. Segundo fontes, teria pago cerca de R$ 200 milhões. Com “musculatura financeira”, conta Accioly, a maior rede de academias do Brasil em faturamento agora avalia a compra de uma de suas rivais, apostando na preocupação crescente dos brasileiros com saúde e bem-estar. Há ainda planos de expansão para a rede entrar, no próximo ano, em quatro países da América Latina, onde também ocupa o primeiro lugar do ranking — no mundo, está entre as 20 maiores. Caso prosperem as negociações com empresas de Chile, Colômbia, Peru e México, a companhia poderá dobrar de tamanho, chegando a 200 academias.

De olho na sede das Olimpíadas de 2016, a Bodytech também inaugura, na próxima terça-feira, sua primeira academia-clube na Zona Sul do Rio. Ela ocupa todos os quatro andares de um prédio anexo ao shopping Rio Sul, em Botafogo, totalizando 3 mil metros quadrados. O investimento consumiu R$ 49 milhões e vai gerar 300 novos empregos.

— Meu sonho é abrir o capital da empresa em 2016, quando o Rio vai receber as Olimpíadas. Será muito glamouroso: o mundo inteiro estará com os olhos voltados para a cidade. Mas o IPO será apenas consequência do planejamento da nossa expansão — diz Accioly, hoje dono de 65% do capital da empresa, ao lado de Luiz Urquiza, Bernardinho (técnico da seleção brasileira de vôlei) e João Paulo Diniz (filho do empresário Abilio Diniz, ex-controlador do Grupo Pão de Açúcar).

Negócios crescem, apesar de PIB fraco

Hoje, a Bodytech é dona ainda da rede Fórmula, marca que criou para acompanhar o movimento, nos últimos anos, de ascensão da classe C no país.

— A nova academia-clube da Zona Sul do Rio contará com spa, piscina, espaço para crianças, iluminação natural e até octógono (para lutas). Do investimento, R$ 33 milhões são do Rio Sul, com a compra do terreno, e R$ 16 milhões do próprio grupo Bodytech — explica Luiz Urquiza, também presidente do grupo, lembrando que o empreendimento, cujas obras duraram 18 meses, teve financiamento de R$ 4 milhões do BNDES.

Com 57 academias funcionando em 12 estados e no Distrito Federal, o grupo ainda está construindo mais 39 unidades Brasil afora, incluindo capitais de estados do Nordeste, do Sul e do Centro-Oeste, que devem ser inauguradas até o fim de 2014. Ao todo, o investimento soma R$ 380 milhões.

Com a ampliação dos negócios, a rede pretende faturar este ano R$ 320 milhões, um salto de 45% sobre os R$ 220 milhões de 2012. Para o ano da Copa do Mundo no Brasil, projeta R$ 420 milhões.

— Temos plano de investimento robusto. Queremos passar dos atuais 105 mil alunos para 140 mil em 2014. Um dos focos é a abertura de academias em shopping centers. Só nos próximos quatro anos, serão cem novos shoppings no país. Não estamos sentindo o mau humor do mercado (com o PIB fraco) nos nossos negócios — diz Accioly.