Economia

Escolhido o presidente da PPSA, estatal gestora do pré-sal

Oswaldo Pedrosa, atualmente gerente-executivo da HRT, assumirá gestão da empresa. Anúncio deverá ser feito por Dilma na segunda-feira

RIO - Escolhido pela presidente Dilma Rousseff, o executivo que vai presidir a toda poderosa Pré-Sal Petróleo S/A (PPSA) — a empresa estatal criada para coordenar a gestão e fiscalizar a exploração de petróleo dos campos do pré-sal no regime de partilha — será o engenheiro Oswaldo Pedrosa. Atualmente, ele é o gerente executivo do campo de Polvo (Bacia de Campos), da petroleira nacional HRT. O anúncio deverá ser feito oficialmente pela presidente Dilma Rousseff na próxima segunda-feira, dia 14, sete dias antes do leilão da área de Libra, na Bacia de Santos. Será o primeiro leilão do pré-sal no regime de partilha.

Dilma recebeu várias sugestões de nomes de executivos com perfil técnico, com longa experiência no setor petrolífero. Os nomes foram apresentados pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e pela presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. Segundo fontes, foram levadas também à presidente Dilma indicações políticas, que não foram aceitas.

Oswaldo Antunes Pedrosa, de 63 anos, é engenheiro PhD formado pela Universidade de Stanford, na Califórnia. É aposentado pela Petrobras, onde trabalhou por 30 anos. Ingressou na Agência Nacional do Petróleo (ANP) no ano em que o órgão foi criado, em 1998. Na ANP, foi superintendente de Desenvolvimento e Produção até 2003. Desde 2010, está na HRT — petrolífera que vem enfrentando sérios problemas devido aos resultados negativos em sua campanha exploratória no Solimões, na Amazônia, e na Namíbia, na África. Pedrosa é o gerente executivo do campo de Polvo, no qual a HRT tem 60% de participação.

A PPSA, além de coordenar e fiscalizar as atividades de exploração e produção pelo regime de partilha, participará da gestão do consórcio que vai explorar os campos. A estatal vai compor o comitê operacional da empresa. Com poder de veto e de voto, mas sem assumir riscos nem investimentos na gestão da companhia, a PPSA terá como uma de suas funções principais fiscalizar os gastos que serão feitos pelo consórcio para desenvolver os campos de petróleo. Esses gastos serão contabilizados numa conta chamada “custo em óleo”, cujos valores serão ressarcidos quando começar a produção.

A função da PPSA é evitar que as empresas aumentem em demasia os “custos em óleo”, o que reduziria as receitas com a produção. Na partilha, essas receitas são divididas com a União na chamada conta “óleo lucro”.

Forte presença estatal

A forte ingerência do governo na gestão da companhia que vai explorar os campos no pré-sal no regime de partilha — principalmente via PPSA — foi apontada como um dos fatores que afugentaram as gigantes petrolíferas mundiais do leilão de Libra. Apesar de ser a maior área já ofertada no mundo, com reservas estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo, apenas 11 empresas, incluindo a Petrobras, se inscreveram para participar do leilão. Gigantes como Exxon, BP, BG e Chevron, entre outras, ficaram de fora. Entre as mais cotadas a vencer a disputa estão três gigantes estatais chinesas: CNPC, CNOOC e a Sinopec.

Em entrevista ao GLOBO no último dia 29 de setembro, a presidente da Petrobras admitia que o fato de Libra ser a primeira área explorada por um novo regime pode ter feito com que o número de empresas participantes ficasse abaixo do esperado. Na ocasião, Graça destacou a importância de o presidente da PPSA — que ainda não tinha sido escolhido — ser um técnico com bastante experiência, um interlocutor com quem poderia discutir “de igual para igual”, no “mesmo nível de conhecimento do setor”.

— A PPSA será uma empresa de excelência, pequena e enxuta. O cara que sentar comigo à mesa para negociar deve estar no mesmo nível. O que ele quer é o que eu quero: as melhores práticas aos custos de mercado. E tem que ser gente técnica, gente que sabe, com muita experiência — destacou Graça, na ocasião.

Procurado, Oswaldo Pedrosa não foi encontrado.

O governo federal tem afirmado que a PPSA será uma empresa enxuta, com 150 funcionários e, no máximo, 30 cargos comissionados