Prefeitos da região do Vale do Paraíba se reuniram na tarde desta sexta-feira (21) em Campos do Jordão (SP) para discutir a retirada da água do rio Paraíba do Sul para abastecer o Sistema Cantareira, que fornece água para 8,8 milhões de moradores da Grande São Paulo e está em estado crítico por causa da escassez de chuvas. Eles querem informações do governo estadual para avaliar o impacto do projeto.
O principal questionamento é sobre um possível prejuízo futuro ao abastecimento nas cidades. Para o prefeito de Guaratinguetá, Francisco Carlos (PSDB), que também é presidente do Comitê de Bacias do rio Paraíba do Sul, esse risco não existe. "O volume que será retirado é de 5 metros cúbicos por segundo, que não representa nada porque a vazão atual é de 200 metros cúbicos por segundo", afirmou.
Mas os prefeitos de Igaratá,Elzo de Souza (PR), e Piquete, Ana Maria de Gouvea 'Teca', questionam o argumento. "O município já sofreu impacto quando veio a represa e há muita preocupação porque nós podemos ficar sem água", disse Souza.
Para a prefeita de Piquete é preciso esclarecer tecnicamente o que será feito. "Como integrantes da região do Vale do Paraíba, nós temos o direito de saber quais são os impactos, realmente, dessa solução que aparece agora de última hora", questionou.
A proposta do governo paulista é ligar a represa do Jaguari, em Igaratá ao reservatório Atibainha, um dos seis que fazem parte do sistema cantareira. Quando a capacidade do reservatório estiver abaixo de 35%, a água poderá ser bombeada da represa do Jaguari para Atibainha. A obra é avaliada em R$ 500 milhões, e se for aprovada, deve ficar pronta em 14 meses.
Atualmente o Rio Paraíba abastece cerca de 2 milhões de pessoas no Vale e mais de 10 milhões de habitantes no Estado do Rio de Janeiro. Segundo o Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba (Codivap), o governo do Estado de São Paulo ainda não forneceu informações técnicas e precisas que comprovem que a retirada da água não vai prejudicar o abastecimento na região.
Representantes do Codivap querem se reunir com Geraldo Alckmin (PSDB) na próxima segunda-feira (24) na capital paulista. O governador defende que o projeto não vai prejudicar o abastecimento no Vale do Paraíba e no Rio de Janeiro.