Economia

Obama: economia americana corre risco de 'recessão muito profunda' com impasse sobre dívida

Presidente dos EUA se pronunciou em coletiva de imprensa na Casa Branca

WASHINGTON - O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou, nesta terça-feira, que a economia americana corre risco de sofrer uma "recessão muito profunda", caso o Congresso não chegue a um acordo para elevar o limite de endividamento do governo, atualmente em US$ 16,7 trilhões. Em entrevista coletiva concedida nesta tarde na Casa Branca, Obama afirmou que está disposto a conversar com o líder republicano na Câmara dos Deputados, John Boehner, sobre qualquer coisa, inclusive mudanças na lei de assistência médica - a chamada Obamacare. O presidente americano conversou por telefone com Boehner nesta terça-feira.

- Fico contente em falar com ele e outros republicanos sobre qualquer coisa, não só problemas que considero importante, como também os que eles acham importantes. Mas também disse a ele que ter esse tipo de conversa e negociação não necessita ficar sob ameaças de paralisação do governo ou caos econômico sobre as cabeças do povo americano - afirmou Obama.

Em entrevista coletiva no Capitólio, após o pronunciamento do presidente, John Boehner afirmou que a conversa foi "agradável", mas sinalizou que ainda não há acordo:

- Tive uma conversa com o presidente dos EUA nesta manhã. Foi uma conversa agradável, mas devo dizer que estou desapontado que o presidente recuse negociar.

Na entrevista coletiva, Obama criticou a forma de negociação dos republicanos.

- Nenhum presidente americano lidaria com um líder estrangeiro desta forma. A maioria de vocês não lidaria dessa forma com colegas de trabalho ou parceiros de negócios desta maneira. Não deveríamos estar lidando deste jeito aqui em Washington - afirmou Obama.

O país vive em uma crise desde a semana passada, quando o impasse sobre a aprovação do novo orçamento paralisou parte dos serviços públicos federais e colocou cerca de 800 mil funcionários em licença não remunerada. Republicanos, que são maioria na Câmara dos Deputados, condicionaram a aprovação da nova lei ao adiamento do início das operações da Obamacare. As emendas aprovadas pelo partido, no entanto, foram rejeitadas diversas vezes no Senado, de maioria democrata.

O debate sobre o aumento do teto da dívida aumentou o clima de tensão nos EUA. O governo tem até o dia 17 de outubro para elevar o limite, sob risco de não conseguir honrar dívidas com credores. O megacalote pode chegar a US$ 78 bilhões até novembro.