10/04/2014 12h08 - Atualizado em 10/04/2014 14h49

Travesti confessa morte de policial e inquérito é encerrado no ES

Desentendimento sobre valor do programa motivou crime, diz polícia.
Policial rodoviário federal foi morto a tiros dentro de carro, em Vitória.

Amanda Monteiro e Eliana GorrittiDo G1 ES, com informações da TV Gazeta

O travesti Jhon Wener Ríco Alves de Araújo, 22 anos, conhecido como Michele, confessou que matou o policial rodoviário federal João Miguel do Sacramento, 45 anos. Nesta quinta-feira (10), o inquérito policial foi concluído e o travesti vai continuar preso. Segundo o delegado Arthur Bogoni, da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Vitória, Jhon Wener disse que matou o policial porque foi ameaçado de morte por ele durante o programa. A polícia afirma que o motivo do crime foi um desentendimento em relação ao valor do programa.

O policial rodoviário federal foi encontrado morto, na madrugada de domingo, 30 de março, dentro de um carro parado na Rua José Pinto da Silva, no bairro Mata da Praia, em Vitória. A vítima foi vista por moradores, que avisaram a polícia. O homem estava nu e tinha quatro perfurações de bala, segundo a polícia. Pertences da vítima, como roupas e carteira com dinheiro, estavam no veículo, mas a arma do policial não foi encontrada.

Segundo o delegado, o travesti vendeu a arma para João Vitor Santos Cavalcanti, de 21 anos, que foi indiciado por posse de arma com numeração raspada. Segundo a polícia, com o dinheiro da venda da arma, o travesti pagou a traficantes uma dívida no valor de R$ 700, horas depois do crime.

"Verificamos que o travesti entrou consensualmente no carro do policial e eles permaneceram apenas seis minutos estacionados, tempo suficiente para o crime acontecer. Durante esses minutos, houve algum desentendimento a respeito do programa que seria feito e do pagamento. Por essa razão, o autor do crime distraiu a vítima, tomou a arma, que estava no chão do carro, deu dois tiros no rosto do policial e saiu correndo. Depois tentou vender a arma no bairro Maria Ortiz, em Vitória", conta o delegado Arthur Bogoni.

Os investigadores identificaram as pessoas com quem o travesti tentou negociar a arma. "A pessoa que comprou a arma, com medo de ser presa, telefonou para a polícia, dizendo onde ela estava. Ela foi localizada no dia seguinte", diz o delegado.

O travesti confessou que matou o policial, após conferir as imagens de segurança que tornavam a versão de um possível assalto insustentável. "Mostramos imagens de câmeras de segurança em ângulos diferentes e verificamos que nenhuma pessoa se aproximou do carro. Após conferir as imagens, ele confessou a autoria do crime, mas alegou como motivação que o policial estava muito agressivo e tentou matá-lo. Chegou a  dizer que os dois entraram em luta corporal, mas isso não se confirmou pelas provas científicas e laudos, que indicaram que não houve agressão", afirma Arthur Bogoni.

Segundo o delegado, o travesti foi indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e por dissimulação que dificultou a defesa da vítima.

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