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Na simplicidade: alheio ao perfil boleiro, Cristóvão agrada no Flu

Em duas semanas de trabalho, técnico começa a se aproximar dos jogadores e cria conforto no grupo pelo estilo comedido e conversas ao pé do ouvido

Por Rio de Janeiro

Pouco tempo de casa, muito trabalho a fazer. Faz duas semanas que Cristóvão Borges cruzou o portão das Laranjeiras para o retorno ao Fluminense. Desta vez, como técnico. O ex-volante tricolor chegou com a obrigação de classificar o time para a segunda fase da Copa do Brasil. Foram três dias para preparar os jogadores e buscar o resultado positivo. A goleada por 5 a 0 sobre o Horizonte-CE deu a ele e ao grupo paz para trabalhar até a estreia no Brasileirão, sábado, contra o Figueirense. O treinador ganhou moral, respeito e confiança dos atletas. A aproximação começa a ser maior.    

Apesar de ainda não conhecer tão bem cada um deles, Cristóvão tem agradado o vestiário pelo estilo. Se Renato Gaúcho faz o tipo boleiro, irreverente e polêmico, o sucessor é ponderado e tem a discrição como principal característica. Passa longe do perfil de “Rei do Rio” que Renato propaga desde os tempos de jogador.

- O Cristóvão vai ganhar o grupo logo, logo. Ele não tem aquele perfil de boleiro, procura os jogadores para conversar, e o grupo tem gostado dele. É um cara que vai dar certo e ser abraçado – disse um jogador.   

Fluminense treino Cristóvão (Foto: Moyses Ferman)Cristóvão passa orientações ao time titular: sem berros ou gestos em excesso (Foto: Moyses Ferman)



Pouco a pouco, Cristóvão deixou para trás o estilo contido dos tempos em que assumiu o Vasco a partir da ausência de Ricardo Gomes, em agosto de 2011. Ainda no Cruz-Maltino e depois no Bahia, passou a gesticular muito, falar alto e até contestar a arbitragem. Ainda assim, segue relativamente discreto, até mesmo nos lances mais emocionantes de jogos decisivos.

No dia a dia dos treinamentos, mostra-se tranquilo. Apesar de enfático em suas instruções, não costuma levantar a voz, a não ser para elogiar um movimento ou uma boa jogada ou corrigir posicionamento. Tanto no gramado quanto no vestiário e na concentração, Cristóvão é adepto da conversa ao pé do ouvido. Gosta de unir o auxílio técnico ao emocional e tem em jogadores confidentes. 

Cristóvão Borges (Foto: Divulgação/Fluminense)Cristóvão conseguiu bom resultado na Copa do Brasil e ganhou paz (Foto: Divulgação/Fluminense)

- Cristóvão é um cara tranquilo, vem conversando com a gente, o grupo está entendendo o método de trabalho dele. A gente espera junto com ele ter grandes ambições para esse ano – disse o lateral-direito Bruno.  

A intensidade dos treinos táticos tem aumentado. Na manhã desta quarta-feira, foram 40 minutos de uma atividade que colocou titulares e reservas frente a frente. Cristóvão interrompeu o treinamento em vários momentos para conversas individuais e em grupo. Mesmo quando não gostou de alguma jogada, não levantou a voz. Todo o treino foi realizado sem que repórteres cinematográficos pudessem filmar. Na hora de avisar aos jornalistas, o comandante pediu ao auxiliar Marcão.    

- Está dando para assimilar o trabalho, aos poucos vamos entender como ele gosta de jogar. O último treino foi com intensidade, tem que ser assim nos nossos jogos. Ele nos dá tranquilidade para sabermos que podemos resolver entre nós e conquistar as vitórias – frisou Bruno.

Fluminense e Figueirense se enfrentam neste sábado, no Maracanã, às 18h30m (de Brasília).