Vida Real

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por Maurício Saraiva

Os mais de 50 metros percorridos por Gareth Bale para fazer o gol do título da Copa do Rei para o Real Madrid representaram a capitulação do velho e bom Barcelona diante do novo. Neymar, em tese, seria o Bale do Barça. Ambos chegaram com pouco tempo de diferença aos seus respectivos clubes comprados a preço de diamante maciço. Neymar brilhava antes da lesão, Bale nem titular absoluto era. Ontem, o galês definiu o jogo a favor dos madrilenhos. Logo a seguir, o brasileiro teve a bola do jogo para o empate e chutou na trave. Bale é melhor do que Neymar?

Não.

O Barcelona é que está descendo a lomba e Neymar não está conseguindo - e nem teria esta obrigação - deter a queda. O Barça envelheceu e perdeu seu mentor. Tata Martino paga o inevitável preço de vir logo depois de Tito Villanova, o auxiliar de Guardiola que mantinha o estilo do mestre. Com o treinador argentino, o Barcelona está alçando bola na área e fazendo ligação direta. Nada pode ser menos Barcelona do que zagueiro dando balão para um centroavante que não existe. Como parte deste novo e decadente contexto, Messi teve lesões sucessivas e está no momento menos brilhante de sua brilhante carreira. Não vá se querer que Neymar, ele também envolvido numa lambança fora de campo que resultou na renúncia do presidente do clube, segurasse a onda toda.

Há boas novas no clube catalão, sim. Na segunda-feira passada, o sub-19 do Barça foi campeão europeu em cima do Benfica. Um clube que tem no retrospecto o aproveitamento maciço de gente feita em casa e está proibido de fazer contratações terá que buscar na base o que falta no time titular profissional. Hoje, faltam goleiro e zagueiros. Falta opção para o visível cansaço de Xavi, balança do time. Neste momento, falta confiança. Os jornais espanhois especulam o fim do ciclo vitorioso, não estão errados na premissa. Desde 2003 o Barcelona não perdia três partidas seguidas. Martino não vai ficar, tenho certeza. Um dos cogitados, Jurgen Klopp, do Borussia, já disse detestar a velha escola do Barça. O resumo do que pensa o técnico alemão é : " se o futebol fosse jogado como este do Barcelona de Guardiola quando eu era criança, eu teria preferido o tênis..."

De fato, o velho Barça acabou com estas peças e este comando. Nada impede, pela força descomunal do clube, que renasça em outro estilo e volte a ser vitorioso no curto ou médio prazo. Saberemos já depois da Copa.

 

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Maurício Saraiva

49 anos, comentarista esportivo.

Maurício Saraiva é comentarista esportivo da RBSTV / RS. Atua no jornalismo esportivo desde 1986 e cobriu as Copas do Mundo de 2002 na Coreia do Sul e Japão, 2006 na Alemanha e 2010 na África do Sul.

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