• João Mathias | Consultor Ariodante Beneduzzi*
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Se a baixa estatura do pônei sempre chama a atenção, um equino ainda menor surpreende muito mais. Com menos de um metro de altura e com peso inferior a 100 quilos, o minicavalo, ou mini-horse, é uma das cerca de 100 raças do cavalo em miniatura existentes pelo mundo, resultado de esforços de criadores para reduzir cada vez mais o tamanho dos equinos.

O objetivo dos criadores ao buscar exemplares pequenos, mas com a mesma robustez dos cavalos de porte convencional, é valorizar a criação: quanto menor o minicavalo, mais alto é o preço do animal. Um cavalinho vendido no mercado brasileiro pode chegar a valer até R$ 100 mil. Já foram registradas vendas no patamar de US$ 200 mil nos Estados Unidos, onde surgiu o “american miniature horse”.

De ossatura leve, o minicavalo é oriundo de pôneis pré-históricos da Inglaterra e dos argentinos fallabelas. O cruzamento com o american miniature horse iniciou-se na década de 1990, e a seleção de raça tem se aprimorado, na tentativa de obter animais com poucos quilos e centímetros. Conta-se que o menor cavalo do mundo nasceu em campos ingleses, atingindo, quando adulto, 35 centímetros de altura e quatro quilos.

O minicavalo não é difícil de lidar e apresenta algumas vantagens na criação quando comparado a seus pares maiores: ele consome menos alimentos e demanda menos espaço para crescer. Trata-se de um animal rústico, que se dá bem em regiões de diferentes topografias, é resistente às mudanças climáticas e não apresenta muitos problemas de saúde. E vive por cerca de 20 anos.

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Os exemplares adultos têm peso inferior a 100 quilos e não atingem um metro de altura

A participação em exposições, leilões e em disputas de campeonatos é um nicho de mercado que pode dar bom retorno ao criador. O minicavalo também exerce funções de sela e tração. Ele é ótimo como companhia para idosos e crianças – animal de estimação –, transporte de cargas leves e condução de minicharretes. É comum a procura para a criação em propriedades rurais, como sítios, chácaras e fazendas, além de escolas, parques e hotéis. Jovens equitadores e iniciantes em esportes hípicos aproveitam a docilidade da raça para se familiarizar com equinos.

O interesse pelo cavalo pequeno já se espalhou pelo território brasileiro e o mercado internacional está de olho nos exemplares produzidos por aqui. Senegal, Argentina e Uruguai são países que já compram os minis criados no Brasil.

*Ariodante Beneduzzi é criador de minicavalo, Haras e Pet Shop São Francisco, Rua Ariodante Beneduzzi, 105, Socorro, SP, CEP 13960-000, tel. (19) 3895-2574, poneisdantinho@poneisdantinho.com.br
Onde adquirir: Haras Pôneis Dantinho, tel. (19) 3895-2574; também indica contatos de diversos criadores de minicavalos em todo o país e possui uma loja de miniacessórios, como minissela, miniesporas e minichapéus
Mais informações: Associação Brasileira dos Criadores de Mini-Horse, Parque de Exposições Dr. Fernando Cruz Pimentel, Av. Governador Mario Covas, 1, Avaré, SP, CEP 18705-851, tel. (14) 3733-9443; minihorse@minihorse.com.br


MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO
embora haja criadores de minicavalos no mercado brasileiro, existe a opção de adquirir animais importados dos EUA – mas o preço se multiplica em relação aos nacionais. Exemplares nascidos no Brasil chegam a custar, em geral, de R$ 5 mil a R$ 15 mil. Podem ser comercializados logo após o desmame ou já adultos. Assegure-se de que o cavalinho tenha cascos em perfeitas condições, pernas fortes e resistentes e que esteja com boa saúde e boa musculatura.
>>> AMBIENTE Rústicos, os minicavalos apresentam boa adaptação a diferentes lugares. Podem ser criados em estábulos ou campos abertos, em locais com qualquer tipo de clima. Eles toleram geadas, calor forte e chuvas.
>>> ESTRUTURA Monte um abrigo para os animais ou, caso tenha uma instalação ociosa na propriedade, faça algumas adequações para os novos moradores. Pequenas e individuais, as baias podem ter 2,5 metros quadrados. Bebedouro, saleiro e cocho (para colocar feno, capim e alfafa) devem ficar a 40 centímetros de altura do chão. A cocheira pode ser construída com tijolos ou madeira, mas deve contar com boa luminosidade e ventilação. Instale-a voltada para o leste e contra o vento. Telhas de barro contribuem para um ambiente mais fresco em dias quentes. No piso, o indicado é cimento; nos corredores e nas baias, capim seco, palha de arroz, serragem ou maravalha, que absorvem a umidade dos excrementos.
>>> EQUIPAMENTOS Para domar e treinar os minicavalos, é necessário utilizar alguns equipamentos específicos (como grosa ou limatão e rinetas), encontrados em lojas especializadas.
>>> CUIDADOS Apesar de resistentes, os animais precisam ser submetidos à vermifugação a cada três meses, já que se alimentam também a pasto. De acordo com a exigência da legislação, a vacina tríplice equina (encefalomielite, raiva e tétano) deve ser aplicada a cada seis meses. Um veterinário da região pode sugerir um programa para o uso dos medicamentos. Mantenha os minicavalos limpos, livres de carrapatos, com orelhas higienizadas, oferecendo banhos, escovação dos pelos, aparamento da crina e tratos dos cascos.
>>> ALIMENTAÇÃO Equinos são herbívoros e gostam de comer feno, capim e gramíneas, alimento volumoso que deve ser oferecido à vontade. Um quilo de ração pode ser a suplementação alimentar diária. A cada refeição, consome o equivalente a algo entre um sexto e um oitavo do que come um cavalo de porte convencional. Sal mineral também não deve faltar.
>>> REPRODUÇÃO Os minicavalos são sexualmente precoces, começando a procriar a partir dos 2 anos de idade. Nos meses com maior intensidade de luz (verão), as coberturas ocorrem com maior frequência. A gestação leva 11 meses, com variação de 15 dias para mais ou para menos. A pequena égua dá à luz apenas um potro por vez, com raros casos de gêmeos. Entre cinco e seis meses após o nascimento, ocorre o desmame.


RAIO X
>>> CUSTO:
varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil cada animal
>>> CRIAÇÃO MÍNIMA: um casal ou um macho para cada dez fêmeas
>>> RETORNO: a partir de 18 meses
>>> REPRODUÇÃO: um filhote por ano