Ao falar de ordens de restrição vêm à mente cenas de filme ou casos de jornal em que os pedidos são feitos para conter ex-namorados que não superaram o fim do relacionamento ou fãs muito intrusivos. Contudo, um casal italiano de quase 70 anos está enfrentando um processo, iniciado pela própria filha, por perseguição aos netos de 3 e 10 anos.
O caso é inédito no país Europeu e vem se arrastando por anos na Justiça. Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, em 2004, Patrizia (o sobrenome não foi divulgado para guardar a privacidade da família), uma professora, deu à luz a uma menina. Pelos três anos que se seguiram, a pequena manteve contato próximo com os avós, que viviam na vizinhança e tomavam conta dela enquanto a mãe trabalhava.
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No entanto, aos poucos Patrizia e sua mãe, Franca, passaram a discordar sobre como educar a menina. Com o agravar da situação, ela decidiu não deixar mais que Franca cuidasse da menina.
Os avós não gostaram e continuaram a insistir para encontrar a criança. Em permanente desacordo, os pais chegaram a mudar de cidade.
Acusações
Segundo o advogado Duccio Cerfigli, que representa Patrizia, “os avós começaram uma caça à minha cliente e seu esposo com inúmeras mensagens de texto e ligações”. De acordo com Cerfigli, Franca chegou a ir ao jardim de infância buscar a criança e ligar para a pediatra e colegas da filha para falar mal de Patrizia, hoje com 42 anos e mãe de mais uma criança de 3 anos.
"A verdade é que a avó queria substituir sua filha em seu relacionamento com sua neta: quando a criança tinha alguns meses até mesmo fingindo alimentá-la."
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A defesa do casal idoso nega as acusações. Incrédulos com o processo e as alegações de perseguição, eles afirmam que simplesmente tentaram manter o contato para continuar com um vínculo com os netos.
Para o advogado de defesa, David Ascari, “o único desejo dos avós é continuar a ver seus netos. Vivendo como vizinhos, era impossível que as famílias não se cruzassem, não havia perseguição. O que foi definido como caçada eram simples tentativas de contato”.
O serviço social tentou mediar o conflito sugerindo que os avós tivessem direito a visitas regulares de poucas horas. Porém, a resposta foi negativa. Agora, o caso vai a julgamento depois da próxima audiência, que deverá acontecer no dia 14 de julho.
Então, o tribunal de Modena julgará se o comportamento do casal se enquadra na lei italiana contra "stalking" (perseguição persistente) ou não. Se o veredito for positivo, os avós podem ser proibidos de ver os netos.
M.R.