Economia

Mantega considera acordo americano ‘um alívio para todo mundo’

Ministro da Fazenda avalia que a falta de uma solução prejudicaria os negócios de modo geral

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou nesta quarta-feira que um acordo para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos “será um alívio para todo mundo”. Na avaliação do ministro, se não houver um consenso, a economia mundial sofrerá muitos prejuízos. Hoje, os líderes do Senado nos Estados Unidos anunciaram um acordo para reabrir o governo e evitar um calote.

- De fato, se o Senado conseguir prorrogar ou aumentar o limite da dívida, será um alívio para todo mundo, porque, caso contrário, isso poderia causar muitos prejuízos para a economia mundial - afirmou Mantega.

- A economia mundial está numa fase de recuperação. Estamos indo até razoavelmente bem e uma medida dessa natureza poderia emperrar esse processo de recuperação - acrescentou.

Na avaliação do ministro, para o Brasil, a falta de acordo no Congresso americano prejudicaria os negócios de modo geral.

- Por exemplo, a emissão de bônus para os empresários brasileiros que estão tomando crédito. Isso trava. Então, cria uma sensação de insegurança, desconfiança e, portanto, prejudica os negócios de modo geral - explicou o ministro, que disse acreditar num “entendimento” por parte dos líderes no Congresso americano:

- Eu acredito em uma solução. Certamente, não exatamente o que o governo americano gostaria, mas alguma coisa intermediária, algum fôlego intermediário.

De acordo com o ministro, o impasse não prejudicou emissões de títulos do governo brasileiro.

- O governo não fez nenhuma emissão. Mas imagino que, para algumas empresas privadas, possa ter prejudicado, porque o mercado fica um pouco nervoso - disse.

Questionado sobre a queda no dólar, Mantega ressaltou que o “dólar é flutuante no Brasil”:

- Temos que admitir que ele flutue tanto para cima quanto para baixo.

Calote seria cenário ‘ próximo do fim do mundo’

A equipe econômica não preparou um plano específico para lidar com os possíveis efeitos da crise da dívida dos Estados Unidos no câmbio e no mercado de títulos. Isso porque, segundo os técnicos do governo, um calote americano seria um cenário “próximo do fim do mundo”.

- É um cenário muito extremo. O risco zero (a chance de o Tesouro dos Estados Unidos não honrar seus compromissos) deixa de existir - afirmou um interlocutor do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Os técnicos afirmam que um calote da dívida americana e o rebaixamento dos títulos americanos da categoria AAA (a mais segura que existe para os investimentos) afetaria o mundo todo e, por isso, nem mesmo os mercados agiram para se reposicionar e buscar mais segurança antecipadamente.

- Como lidar com o rebaixamento de títulos que são a base do sistema financeiro? Não existe nenhum outro país que possa ocupar o espaço que os Estados Unidos deixariam. Por isso, ninguém decidiu se reposicionar previamente. Todo mundo está esperando para ver - disse um técnico.

Ministro nega que tenha decidido aumento da gasolina

Mantega negou que tenha sinalizado a possibilidade de um novo aumento no preço da gasolina ainda este ano.

- Não sinalizei nada - disse o ministro, que também é presidente do Conselho de Administração da Petrobras.