Economia

Bilhete para Copa sobe até 191% em 2 dias

Anac diz que preços vão cair a partir de janeiro de 2014

RIO e BRASÍLIA - Mesmo após o presidente da Embratur, Flávio Dino, ter defendido um teto para as passagens aéreas durante a Copa e maior concorrência com a entrada de empresas estrangeiras, os preços das tarifas para os eventos de abertura e encerramento chegaram a subir 191% em apenas dois dias, segundo simulações feitas pelo GLOBO nos sites das companhias nacionais. Este é o caso de uma viagem de ida e volta entre São Paulo e Rio pela Avianca.

Reportagem do GLOBO publicada na terça-feira mostrou que as companhias aéreas vêm cobrando tarifas que podem custar até dez vezes mais durante a Copa, em comparação a dias “normais”.

A simulação considerou partida do aeroporto de Congonhas em 12 de julho, um sábado, e volta na manhã de 14 de julho, pelo Santos Dumont. O preço do bilhete na Avianca para assistir à final, já incluídas as taxas, saía, na quarta-feira, a R$ 1.641,14. Na segunda-feira, a mesma viagem ficou em R$ 563. Foram consideradas as menores tarifas em ambas as ocasiões.

No site da Gol, as passagens também estavam mais caras, considerando os mesmos trajeto e datas. Nesta quarta, o passageiro que quisesse assistir ao jogo final da Copa no Rio, saindo de São Paulo, pagaria R$ 1.742,94, incluindo taxas. O valor é 15,3% maior que o encontrado na segunda-feira (R$ 1.510,94).

Já quem tivesse interesse em assistir à abertura da Copa pagaria R$ 1.219,80 pelo bilhete de ida e volta entre Rio (Santos Dumont) e Campinas (Viracopos), indo pela Azul no dia 12 de junho e voltando no dia seguinte. A companhia não voa para Congonhas a partir do aeroporto carioca. Na segunda-feira, o mesmo trajeto para as mesmas datas saía por R$ 593,92 (com taxas). Uma alta de 105%.

A TAM foi a única empresa em cujo site foram encontrados preços menores nas duas comparações. A viagem Rio-SP-Rio, com partida em 12 de junho e retorno em 13 de junho, sairia a R$ 1.733,14 se o bilhete fosse comprado nesta quarta-feira. Mas sairia a R$ 2.593,14 se comprado na segunda-feira, uma queda de 33,1%.

Bloqueio para compra

“As variações de preços observadas devem-se exclusivamente ao sistema de precificação dinâmica utilizado pela TAM. Ou seja, os valores das tarifas encontrados nos canais de venda da companhia não são estáticos, e variações acontecem todo o tempo, de acordo com fatores como demanda, horário de voos, antecipação da compra e tempo de permanência no destino, entre outros”, disse a TAM em nota.

A Gol disse que “aplica um modelo tarifário em que são considerados tanto a antecedência em relação ao voo quanto a taxa de ocupação”, e que “em períodos de festas ou de grandes eventos,a procura é maior e, eventualmente, os bilhetes restantes são aqueles de maior valor”. As demais empresas não responderam até o fechamento desta edição.

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys, assegurou nesta quarta que as passagens aéreas para o período dos jogos da Copa vão cair a partir de janeiro de 2014. Segundo ele, as companhias vão entregar ao órgão, logo depois do sorteio dos jogos (6 de dezembro), as novas malhas, ajustadas de acordo com o aumento da demanda na alta temporada, inclusive com a oferta de novas rotas e frequências. Ele destacou, durante audiência na Comissão de Aviação e Transportes da Câmara dos Deputados, que a legislação atual impede a fixação de um teto para o valor dos bilhetes, porque estabelece a liberdade tarifária.

- Acreditamos que a partir da apresentação das malhas aéreas pelas empresas, que vai acontecer depois do sorteio, teremos mais oferta de voos e, com maior oferta, a tendência é termos preços mais baixos. Ainda não temos os voos comercializados para a Copa.

Segundo Guaranys, a liberdade tarifária, implementada na lei que criou a Anac, trouxe benefícios aos usuários porque permitiu que o preços dos bilhetes caíssem pela metade, nos últimos dez anos. Isso, destacou, fez o número de passageiros triplicar no período.

Na avaliação do ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, como as empresas aéreas sabem que a procura será grande na Copa estão fazendo uma espécie de bloqueio para inibir a compra antecipada com valores baixos. Ele também garante que os preços vão cair com as novas malhas aéreas.

O ministro disse que não há mais prazo para o governo anunciar medidas de socorro às empresas aéreas.