Economia

Inflação ainda mostra resistência mas economia brasileira está melhor, diz ata do BC

Porém, diretores da autarquia admitiram que se mantivessem a Selic em 9% ao ano (e não subissem para 9,5% ao ano, como fizeram há uma semana), a inflação cairia

BRASÍLIA - O Banco Central afirmou ser “apropriada” a estratégia de continuar a subir a taxa básica de juros (Selic) em doses de 0,5 ponto percentual. De acordo com a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, os diretores da autarquia afirmam que a inflação “ainda” mostra resistência. No entanto, eles admitiram que se mantivessem a Selic em 9% ao ano (e não subissem para 9,5% ao ano, como fizeram há uma semana), a inflação cairia. O argumento para decidir em continuar a subir os juros é que a alta de preços ainda ficaria acima da meta central de 4,5%.

“O Copom pondera que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência”, disse o Copom ao lembrar que a economia brasileira ainda tem vários mecanismos de indexação e isso dificulta o trabalho do comitê. ”Nesse contexto, o Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso”.

Apesar das preocupações expressas na ata, o Copom traçou um quadro mais favorável para a economia brasileira daqui para a frente. Lembrou que a confiança do consumidor atingiu o maior nível desde fevereiro. E esperam um comportamento melhor da demanda no Brasil do que nos anos recentes. “No entanto, o Comitê nota que a velocidade de materialização desses ganhos esperados depende do fortalecimento da confiança de firmas e famílias”.

E mesmo com perspectivas melhores para o mundo, o comitê ainda acha que o frágil cenário internacional e o baixo consumo lá fora continua a tirar pressão sobre a inflação no Brasil. Salientou que a projeção de reajuste para o conjunto de preços administrados por contrato e monitorados caiu 0,3 ponto percentual e está em alta de 1,5% para este ano. Chamou a atenção, entretanto, para a inflação de bens não comercializáveis que continua alta no país.

Em outro ponto do documento, a cúpula do BC ainda destacou que as pressões sobre o câmbio estão menores.

“O Comitê destaca, ainda, evidências de acomodação dos preços de commodities nos mercados internacionais, bem como de maior que, desde a última reunião, houve certo arrefecimento nas tensões e na volatilidade e de tendência de apreciação do dólar dos Estados Unidos que então se observavam nos mercados de moeda”.

Sobre crescimento, o BC dedicou um novo parágrafo da ata para destacar que o Brasil aumentou a taxa de investimento na economia. No segundo trimestre, a Formação de Capital Fixo cresceu 3,6%.

Em relação à política de gastos públicos, o Comitê de Política Monetária deixou claro que sua projeções de inflação considera como “impulso fiscal” como a variação do superávit estrutural, ou seja, do superávit sem maquiagem feita pela equipe econômica.

“Considera-se como indicador fiscal o superavit primário estrutural que deriva das trajetórias de superavit primário para 2013, conforme parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)/2013; e, para 2014, conforme parâmetros constantes do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO)/2014. Dessa forma, em determinado período, a projeção de inflação considera impulso fiscal a variação do superavit estrutural em relação ao observado no período anterior”.